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Estado de Minas

João Leite e Kalil entram na reta final da campanha em ritmo de contra-ataque

Em debate na ACMinas, João Leite e Alexandre Kalil protagonizam nova rodada de acusações. Alfinetadas por atraso no IPTU e críticas à atuação dos políticos foram o foco das discussões


postado em 21/10/2016 06:00 / atualizado em 21/10/2016 07:26

"Fico muito honrado de depois de vasculhar minha vida inteira só encontrarem isso (as dívidas com o IPTU)" - Alexandre Kalil (PHS) "As empresas dele devem muito, ele deve IPTU. Não dá para ficar achincalhando todo mundo. Responderei à altura cada ataque" - João Leite (PSDB) (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Os dois candidatos a prefeito de Belo Horizonte, João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), se enfrentaram ontem pela manhã em um debate promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas). Apesar de as regras não terem permitido em nenhum momento perguntas entre eles e muito menos réplicas, houve troca de farpas e acusações. O Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) foi o foco de boa parte das discussões. A todo momento, ao comentar sobre temas como saúde, segurança e mobilidade, João Leite lembrava que o tributo era fundamental para financiar políticas públicas, numa indireta ao seu adversário, que deve IPTU. Segundo o tucano, “a maior parte da dívida pública da prefeitura é de IPTU, imposto fundamental para financiar a educação”.

Sem citar Kalil, Leite destacou a importância da política para governar a cidade, também em referência à campanha adversária que usa como mote a frase “chega de político”. O ex-presidente do Atlético, da mesma forma, não citou o nome do deputado ao criticar a atuação do tucano no Legislativo, insinuando baixa produtividade na produção de leis.

Ao longo do debate, Kalil permaneceu sentado e João Leite em pé. Apesar do clima de hostilidade, o ex-cartola chegou a concordar com o tucano em um debate sobre a criação de um conselho de desenvolvimento empresarial e Leite cumprimentou o adversário na abertura de sua fala e também, ao final, quando agradeceu a presença dele.

Majoritariamente a favor do candidato do PSDB, a plateia vaiou o ex-presidente do Galo em vários momentos. Ao final, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), que disputou o primeiro turno da eleição para a PBH, e hoje, ao contrário de seu partido, apoia o tucano, chamou Kalil de caloteiro.

‘ATESTADO DE POBREZA’
O candidato do PHS prometeu novamente quitar o IPTU antes de, segundo ele, virar prefeito e disse que teve sua vida vasculhada pela campanha tucana, que só encontrou a dívida relativa ao imposto. “A única coisa do qual me acusam é um atestado de pobreza”, afirmou. “Não acharam fazenda, não acharam meu nome na lista de Furnas, não acharam avião, helicóptero, casa em Angra, não acharam nada.”

Kalil disse ainda ser favorável à política. “Eu não sou contra a boa política, não, sou muito a favor. Não sou a favor do que fizeram com a Prefeitura de Belo Horizonte”, afirmou o ex-cartola, que também provocou Leite afirmando, novamente sem citar nome do adversário, que ele não teria nenhum projeto importante ao longo de seus seis mandatos e insinuando que ele representava a polarização PT e PSDB que “acabou com o Brasil”.

Em suas considerações finais, Leite respondeu às insinuações do adversário e disse estar sendo desrespeitado por Kalil ao longo desse segundo turno. “Fui atleta. O atleta que mais vestiu a camisa do Galo, que me orgulha, me honra, sou atleticano desde criança lá na Vila Oeste, lamentavelmente desrespeitado por um ex-dirigente do clube. Eu não teria coragem de desrespeitar nenhum ex-atleta do clube”, reclamou João Leite, ex-goleiro do Atlético, chamado por Kalil no fim de semana de atleta “meia boca”.

RESPOSTA AOS ATAQUES
Em entrevista após debate, Leite comentou o clima tenso entre os dois. “Tentei o tempo todo nessa campanha mostrar minhas propostas, discutir as propostas para Belo Horizonte, mas eu exijo respeito. Não permitirei mais que o outro candidato faça as coisas que ele está fazendo levianamente. Tenho muitos anos de trabalho prestado, mostrarei esse trabalho e mostrarei quem é esse candidato. Esse candidato que tenta esconder que é empreiteiro, as empresas dele devem muito, ele deve IPTU. Não dá para ficar achincalhando todo mundo. Responderei à altura cada ataque”, afirmou o tucano.

Mais tarde, o ex-dirigente do Atlético, em visita a uma rua interditada por risco de desabamento, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste, acusou a campanha tucana de espalhar panfletos apócrifos no jogo de anteontem do Cruzeiro, no Mineirão. Sem assinatura, os panfletos acusavam Kalil de desrespeitar a “nação cruzeirense”. “Uma campanha que acaba na Polícia Federal não tem chance de vitória”, disse o candidato se referindo às investigações que deverão ser conduzidas pela PF para apurar a origem dos panfletos anônimos.

“Graças a Deus que é meu único defeito. Imaginou se fosse lavagem de dinheiro, se eu fosse denunciado em CPI, tivesse na lista de Furnas. Meu defeito é não ter tido dinheiro na época para pagar o IPTU, mas, como disse, vou pagar o IPTU antes de assumir a prefeitura. Fico muito honrado de depois de vasculhar minha vida inteira só encontrarem isso”, atacou Kalil.

Pesquisa


Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra Alexandre Kalil (PHS) na frente de João Leite (PSDB) pela primeira vez. O ex-presidente do Atlético tem 41% e o tucano tem 35%. Brancos e nulos somam 18% e outros 6% não sabem em quem votar. Foram entrevistados 1.001 eleitores entre segunda-feira e ontem. A margem de erro da pesquisa é de três pontos para mais ou para menos. Levando em conta apenas os votos válidos, em que brancos, nulos e eleitores indecisos são desconsiderados, Kalil fica com 54% e João Leite com 46%.

 

 


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