Brasília - A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) obrigou o Palácio do Planalto a fazer um movimento para aumentar a demonstração de força no Congresso e afastar o clima de incerteza e mais crise política à vista.
Horas depois de chegar a Brasília, na quinta-feira, 20, vindo de uma viagem à Índia e ao Japão, o presidente Michel Temer telefonou para líderes da base aliada e pediu apoio para a nova votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita em 20 anos os gastos públicos.
A PEC será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira, 25, em segundo turno, antes de seguir para o Senado. O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava Jato não atrapalha o ritmo do Congresso.
Leia Mais
Temer ordena 'lei do silêncio' no PlanaltoTemer chama núcleo político para discutir mobilização da base para PEC do tetoTSE monta força-tarefa com PF e Receita para investigar chapa Dilma-TemerTemer não deu a entender que houve encontro bilateral com Putin, diz porta-vozPorta-voz de Temer diz que repatriação é assunto do CongressoCom teto de gastos, Orçamento de 2017 já exige corte de R$ 14 bilhões"Para que possamos atrair investimentos, temos de dar confiança. E essa confiança só se dá com liderança política", disse o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O ministro admitiu a apreensão do governo. "É claro que tem preocupação. Queremos ter um desempenho ainda melhor do que os 366 votos. Isso é uma sinalização interna e externa de que não tem mais crise política."
O assunto Cunha, porém, virou tabu no governo. Em reunião na quinta-feira, 20, com ministros, Temer reforçou a ordem - já transmitida por telefone, ainda em viagem - para que ninguém comentasse o episódio.
Nos bastidores, no entanto, há o temor dos próximos capítulos. Antes de ser preso, o ex-presidente da Câmara disse com todas as letras a aliados: "Vou explodir o Moreira". Era uma referência ao secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.
Em setembro, dias após perder o mandato, Cunha afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Moreira era o "cérebro" do governo Temer e o acusou de estar por trás de irregularidades para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio. Argumentou, ainda, que o programa de concessões de Temer nascia "sob suspeição". Moreira negou as acusações. .