São Paulo e Curitiba, 21 - Ao rastrear as movimentações financeiras e o patrimônio do empresário Jonas Suassuna, responsável pela compra do sítio em Atibaia frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família e que recebeu reformas da empreiteira OAS, os peritos da Polícia Federal identificaram um fluxo de R$ 5 milhões, em média, por ano, sem uma destinação identificada.
Segundo a PF, estes valores "equivalem a mais de R$ 400 mil mensais, um padrão elevado de despesas não declaradas, sugerindo a possibilidade de ter havido destinações não declaradas ao fisco". Os dados constam do laudo 2005/2016, assinado pelo perito criminal federal Ricardo Samú Sobrinho.
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Responsável por imóveis da família Bittar diz não conhecer sítio de AtibaiaOAS criou centro de custo para cozinha gourmet de sítio em Atibaia, diz PFDono do sítio em Atibaia não tem renda para bancar compra e reforma, diz PFSítio de Atibaia será 1ª acusação a Lula na Lava-JatoPF diz que 'Amigo' em planilhas de propinas da Odebrecht se referia a LulaO sítio Santa Bárbara, em Atibaia, é alvo de uma devassa da PF. Os investigadores suspeitam que Lula é o verdadeiro proprietário do imóvel, o que é negado enfaticamente pelo petista.
Formalmente, segundo os registros em cartório, Suassuna é o dono do sítio. O laudo foi anexado aos autos do inquérito sobre o sítio.
A perícia identificou que a análise da evolução patrimonial de Suassuna teve lastro nas declarações do empresário à Receita Federal.
O perito destacou o fato de que a movimentação financeira de Suassuna foi "maior que os rendimentos declarados em 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013".
"Os valores de rendimentos declarados não equivalem com os da movimentação financeira analisada", aponta o perito destacando que as disparidades identificadas foram maiores "em especial nos anos de 2008 com 1,75 vez os rendimentos, 2010 com 1,34 vez e 2013, com 1,66 vez os rendimentos", segue o laudo.
As investigações do patrimônio de Suassuna fazem parte do inquérito da Lava Jato que investiga se o ex-presidente Lula seria o verdadeiro proprietário do sítio em Atibaia, valendo-se de supostos laranjas para ocultar o patrimônio, e se ele teria se beneficiado de obras no imóvel promovidas pela empreiteira OAS, investigada no esquema de corrupção na Petrobras.
A OAS é do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora atualmente preso em Curitiba.
Jonas Suassuna foi o comprador de um dos imóveis, o sítio Santa Denise, que mais tarde veio a se juntar com outro imóvel, adquirido pelo empresário Fernando Bittar no mesmo período, que constituem o sítio conhecido atualmente como Santa Bárbara e que era frequentado por Lula e seus familiares e amigos.
O Santa Bárbara é a parte menor da área, onde fica a casa com piscina e churrasqueira.
A compra dos dois imóveis que formam o sítio foi feita em 29 de outubro de 2010, no valor total de R$ 1,5 milhão (R$ 500 mil de Suassuna e R$ 1 milhão de Bittar).
Em 2014, a cozinha do sítio passou por uma reforma de R$ 252 mil bancada pela OAS e acompanhada de perto pelo arquiteto da empreiteira Paulo Gordilho. A PF identificou que nem Jonas Suassuna e nem Fernando Bittar declararam gastos com estas reformas no imóvel.
A reportagem entrou em contato com o escritório que defende Jonas Suassuna e deixou recado, mas ainda não obteve retorno..