O senador Marcelo Crivella, candidato à prefeitura pelo PRB, já foi fichado na polícia. Ele foi levado à 9ª Delegacia de Polícia, em 18 de janeiro de 1990, acusado de invasão de domicílio. Então pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual hoje é bispo licenciado, Crivella teria tentado expulsar um morador de terreno da IURD.
O caso foi revelado pela revista Veja, que obteve as fotos de Crivella feitas pela polícia. O inquérito, no entanto, não foi à frente e nem está nos arquivos da Polícia Civil: os registros foram entregues pelo próprio delegado para Crivella.
Num vídeo divulgado por sua campanha, Crivella nega que tenha sido preso e fichado. "Eu repito: nunca fui preso. Nunca respondi a nenhum processo. E posso provar com todas as certidões que apresentei no momento em que me inscrevi para ser candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Fiquem tranquilos.
O próprio Crivella cedeu à Veja cópia do inquérito, ao ser procurado por repórteres que haviam recebido as fotos feitas pela polícia. Referiu-se ao registro policial como um "espinho na minha carne".
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À Veja, Crivella contou ter ficado "revoltado" e seguiu para o terreno com "uns dez homens". "Peguei os caminhões que a gente tinha e fui para lá. Arrebentei aquela cerca. Comecei a tirar as coisas dos caras e botei em cima do caminhão.
A polícia foi chamada e o grupo foi levado à delegacia. O então pastor passou o dia na 9ª DP, foi liberado à noite, com a condição de retornar no dia seguinte, onde passou mais quatro horas detido. Em representação contra o delegado por suposto abuso de poder, a advogada da Universal Maria do Socorro Costa reclama que Crivella foi mantido numa sala "fechada e sem ar condicionado por mais de quatro horas, onde foi humilhado, tachado de 'pastor ladrão' e fotografado".
À revista, Crivella diz que o delegado João Kepler Fontenelle, já morto, entregou-lhe o inquérito, inclusive os negativos das fotos, porque foi ameaçado de processo pela igreja. "Fiz isso para te constranger, mas estou arrependido", teria dito o delegado, segundo Crivella. A Polícia Civil não esclareceu por que o inquérito não está nos seus arquivos.
Neste sábado, 22, o candidato não deu entrevista nem teve agenda pública. A campanha preferiu divulgar vídeo do senador. "Vocês devem estar se perguntando sobre a capa da revista Veja.
A assessoria de Crivella também divulgou nota sobre as fotos. "A explicação é bem menos emocionante do que muitos esperam. Na ocasião, Crivella, como engenheiro, tentou entrar em um terreno da Igreja Universal que tinha sido invadido em Laranjeiras. Na confusão, acabou sendo levado para a delegacia, onde o delegado mandou fazer as fotos para identificá-lo. A única investigação aberta foi para investigar o abuso de poder do delegado", diz o texto..