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Estado de Minas

Ex-aliados não querem mais conversa com Eduardo Cunha

Parte dos apoiadores do ex-presidente da Câmara dos Deputados passou a evitar falar sobre o peemedebista depois de sua cassação e, principalmente, de sua prisão na semana passada


postado em 24/10/2016 06:00 / atualizado em 24/10/2016 07:22

Afastamento dos aliados começou logo após a cassação do ex-parlamentar do PMDB e se intensificou com a prisão dele pela PF, há quatro dias (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 1/4/16)
Afastamento dos aliados começou logo após a cassação do ex-parlamentar do PMDB e se intensificou com a prisão dele pela PF, há quatro dias (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 1/4/16)

Brasília – Quatro dias se passaram desde a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas parte dos deputados considerados aliados do peemedebista fingem não conhecê-lo mais. O movimento passou a ser percebido depois da cassação do ex-todo-poderoso parlamentar. E se intensificou com a detenção ordenada pelo juiz Sérgio Moro, conforme apurou a reportagem.

Manoel Júnior (PMDB-PB) depôs, em agosto, no Supremo Tribunal Federal (STF), como testemunha de defesa do ex-parlamentar em processo da Operação Lava-Jato. Procurado pelo jornal para saber se visitaria o colega, a assessoria informou que o parlamentar nem sequer falaria sobre esse assunto. “Ele foi eleito vice-prefeito e não quer se pronunciar sobre isso”, disse. Manoel Júnior vai trabalhar agora no segundo posto da Prefeitura de João Pessoa (PB), na chapa de Luciano Cartaxo (PSD).

O afastamento dos ex-aliados é considerado normal e esperado por cientistas políticos. “O Cunha se tornou o ‘Judas’ da política e estar ao lado de uma pessoa dessa, pode sobrar uma pedra para quem acompanha”, afirmou o professor Wladimir Gramacho, da Universidade de Brasília. O cientista político Ricardo Caldas, da UnB, concorda. “Nenhum político quer segurar alça de caixão”, compara. “Se algum político cai em desgraça, nenhum outro quer ser associado a ele”, continua. A preocupação principal dos parlamentares é em não ter a imagem associada ao ex-deputado, principalmente em época que a Lava-Jato conta com apoio popular.

Líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura (PSC-SE), foi um dos articuladores para tentar salvar Cunha no Conselho de Ética. Depois da prisão do ex-deputado, Moura “está no Estado para o segundo turno das eleições municipais”, segundo sua assessoria afirmou ao jornal. O parlamentar não atende as ligações para falar sobre Cunha.

Gramacho acredita que é importante lembrar que o abandono político ocorre durante o período eleitoral. “Políticos presos simbolizam o que a sociedade mais despreza. Não faz sentido estar ao lado deles”, disse.

Arthur Lira (PP-AL) foi outro parlamentar que defendeu o julgamento de Cunha por projeto de resolução, e não por relatório do Conselho de Ética. A medida poderia beneficiá-lo com uma punição mais branda do que a cassação. A atitude de Lira à época, foi vista como manobra para atrapalhar o processo e salvar Cunha. Mas, agora, o deputado “não está disponível” para entrevista sobre o colega preso, de acordo com a assessoria.

“Continuo amigo” Nem todos, porém, abandonaram o mais novo político presidiário da carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Os deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e Paulinho da Força (SD-SP) permanecem firmes com ele. Marun se mostrou triste e surpreso com a prisão do colega. Afirmou que irá a Curitiba, onde Cunha está preso, fazer uma visita. “Não tenho plano de visitá-lo nos próximos dias, mas é provável que eu faça em dias vindouros”, disse. O parlamentar foi um dos 10 que votaram contra a cassação. “Eu sei que aqui vai se cometer uma injustiça e eu sei que eu não serei um dos injustos”, justificou à época

Um dos principais aliados de Cunha, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, afirmou ter falado com o ex-deputado dias antes da prisão. Para ele, o ex-presidente da Câmara já esperava por isso. “Atuei muito com ele até o afastamento da presidente Dilma, continuo sendo amigo dele”, afirmou. Mesmo com pouquíssimos aliados, o cientista político Wladimir Gramacho acredita que, no futuro, é possível que Cunha volte à vida política. O especialista justifica a opinião com a lembrança do senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL). “Ele sofreu um impeachment e conseguiu voltar.

O mesmo pode acontecer com o Cunha, principalmente no legislativo, em que não são necessários muitos votos.”

 

 


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