Jornal Estado de Minas

João Leite e Kalil trocam novos ataques e acusações em debate eleitoral


O debate dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte na noite deste domingo, na Rede Record, foi marcado por novos ataques entre o deputado João Leite (PSDB) e o empresário Alexandre Kalil (PHS). Na maior parte do tempo, os candidatos repercutiram acusações que são usadas pelas campanhas nos horários eleitorais e nas inserções de rádio e TV. O clima esquentou quando Kalil afirmou que João Leite "é deputado há mais de 20 anos, nunca trabalhou e tem apartamento em Miami (Estados Unidos)". O tucano atacou Kalil citando as dívidas com seus ex-funcionários, pessoas pobres que teriam sido "maltratadas" e "empresários quebrados por calotes".

No primeiro bloco os candidatos fizeram perguntas um para o outro e o tom foi de críticas e acusações. Kalil perguntou se João Leite vai acabar com cargos comissionados destinados aos partidos políticos caso eleito prefeito. O tucano respondeu afirmando que Kalil apoiou o prefeito Marcio Lacerda (PSB) em 2012 e que ele mente ao dizer que trará algo de novo para a política. "Você está no meio da política há muito tempo. Agora diz que vai representar o novo, mas de novo não tem nada", disse João Leite.
Kalil rebateu dizendo que João Leite não responde às suas perguntas e que ele não consegue assumir o compromisso de enxugar a máquina pública.

O tom continuou quente quando João Leite acusou Kalil de dever impostos e direitos trabalhistas para ex-funcionários. "Você não tem condições de ser prefeito Kalil. Está condenado. Não paga pessoa pobres que dependem de você. Você deu calote em um empresário que está quebrado", atacou o tucano. Kalil rebateu citando presidiários que teriam enviado cartas agradecendo João Leite por ter ajudado a tirá-los da cadeia. "Alguns desses que te agradeceram João Leite são assassinos e estupradores.
Você protege bandidos que não tinham condições de estar nas ruas da nossa cidade", afirmou Kalil.

No segundo bloco, os candidatos foram perguntados sobre temas como enchentes, alianças políticas, reajustes nas tarifas do transporte público e ataques de campanha. João Leite prometeu fazer obras para evitar os alagamentos nas avenidas Teresa Cristina, Cristiano Machado e Francisco Sá, por meio de obras em parceria com o governo federal. Kalil afirmou que a primeira medida será remover as pessoas que moram em situação de risco para preservar vidas durante o período chuvoso.

Questionados sobre o preço das passagens de ônibus, o tucano afirmou que o candidato a vice-prefeito de Kalil, deputado Paulo Lamac (Rede) foi responsável por licitações com empresas de ônibus quando foi vereador. Kalil acusou João Leite de mentir e citou o senador Aécio Neves (PSDB) como responsável pelos acordos com empresas de transporte. "Com o PSDB a passagem passou de R$2,30 para R$3,70. Porque o PSDB entregou a BH Trans para os donos das empresas de ônibus. Se eu for eleito, vão ter que devolver a empresa para o poder público", afirmou Kalil.

Ao falar sobre os ataques da campanha, Kalil perguntou João Leite porque ele está "com tanto ódio" e "fazendo uma campanha tão feia".
O tucano afirmou que sempre teve admiração por Kalil até conhecê-lo nesta campanha: "Agora não dá mais Kalil. Porque sou a voz dos trabalhadores que você deve. Sou a voz do empresário que você quebrou. Daquele jogador que você destratou", disse João Leite. O ex-presidente do Atlético rebateu falando que "João Leite nunca foi a voz de ninguém" e que está "baixando o nível da campanha apenas por que quer chegar ao poder".

Na terceira parte do debate, os candidatos falaram sobre violência e saúde. Foi um dos poucos momentos em que eles apresentaram propostas. Kalil prometeu investir na abordagem com moradores de rua que usam drogas por meio de assistência social e aumentar a presença da Guarda Municipal na cidade. João Leite afirmou que por meio do programa "Rede Cuidar" vai garantir um atendimento de qualidade ao cidadão carente da capital mineira. No final do bloco, o deputado respondeu Kalil sobre o fato de ter um apartamento nos Estados Unidos: "As informações do candidato Kalil não estão corretas. Meu apartamento é em Orlando.
Eu comprei com o meu dinheiro. Do meu trabalho. Paguei tudo certinho, com meu suor", disse João Leite.

O tucano questionou Kalil sobre suas declarações sobre religião, críticas aos torcedores do Cruzeiro e sobre comparações de mulheres com a taça da Libertadores da América, quando Kalil disse que a "taça é melhor porque acorda calada". "Você acha mesmo que os pastores colocam o dinheiro das pessoas no próprio bolso? Acha que mulher boa é mulher calada Kalil? Você atacou os cruzeirenses Kalil. É isso que você pensa?", perguntou João Leite.

Kalil afirmou que suas falas foram descontextualizadas e que foram brincadeiras. "Eu tenho Deus no coração e não uso Deus em politicagem. Não tenho idade para ir em bar e botequim, aquilo foi apenas uma brincadeira. Sou um cara bem humorado e alegre. E as mulheres inteligentes vão saber que foi apenas uma brincadeira.
Ninguém prefere passar a noite com uma lata ao invés de passar com uma mulher. Apenas uma brincadeira. E a questão de Atlético e Cruzeiro está superada. Quando uma pessoa está morta no chão não interessa o time que ela torce. Mas, se ofendi alguém, peço desculpas pelo que falei. Peço desculpas sem problemas", disse Kalil.

Nas considerações finais, João Leite citou os senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia e afirmou ter muito orgulho de ter trabalhado ao lado dos dois ao longo de sua trajetória política. Ele citou também o ex-presidente Juscelino Kubitschek, como exemplo de bom gestor. "Tenho comigo o senador Aécio e fui secretário desse grande homem que foi Antonio Anastasia. Sonho em fazer uma cidade melhor. Fazer com ela seja mais bonita, tenha saúde e segurança. Quer ser prefeito de todos os times e de todas as religiões", finalizou João Leite.

Kalil encerrou dizendo que não tem caciques políticos ao seu lado, que vai expulsar da prefeitura "apaniguados" e que seu embate não é com João Leite, mas com os problemas da cidade. "Meu embate é contra o sofrimento de você que está esmagado em um ônibus velho. É contra o sofrimento de você que não tem o atendimento primário adequado nos postos de saúde. Saiba que nós vamos colocar todos os apaniguados para fora da prefeitura. Essa turma citada pelo meu adversário vai estar desempregada, todos nas ruas", afirmou Kalil. .