Relatório da Polícia Federal que indiciou criminalmente o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) afirma que codinome 'amigo', em planilhas de propinas da Odebrecht, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um documento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, 'Amigo' é destinatário de R$ 23 milhões.
A PF afirma que a suspeita sobre Lula tem "respaldo probatório e coerência investigativa". O relatório cita a sigla EO em suposta referência a Emílio Odebrecht, patriarca do Grupo Odebrecht.
"Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de 'Amigo de meu pai' e 'Amigo de EO', quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também, por 'Amigo de seu pai' e 'Amigo de EO', quando utilizada por interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht", diz o relatório subscrito pelo delegado federal Filipe Hille Pace.
O delegado diz que esta parte da investigação está sob responsabilidade de um colega dele, o delegado federal Márcio Adriano Anselmo.
As planilhas da Odebrecht trazem, ainda, o codinome 'italiano', segundo a PF, uma referência a Antonio Palocci. O ex-ministro da Fazenda foi indiciado por corrupção passiva. Segundo a Lava Jato, entre 2008 e o final de 2013, foram pagos pela Odebrecht mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo o ex-ministro.
"Muito embora haja respaldo probatório e coerência investigativa em se considerar que o 'Amigo' das planilhas 'POSICAO - ITALIANO310712MO.xls' e 'POSICAO - ITALIANO 22 out2013 em 25 nov.xls' faça referência a Luiz Inácio Lula da Silva, a apuração de responsabilidade criminal do ex-Presidente da República não compete ao núcleo investigativo do GT Lava Jato do qual esta Autoridade Policial faz parte", afirma o delegado Filipe Hille Pace.
"Consigne-se, todavia, que tais elementos probatórios já são de conhecimento do Exmo. Delegado de Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, responsável pelo núcleo de investigação dos crimes que, em tese, teriam sido praticados por Luiz Inácio Lula da Silva."
Defesa
Por meio de nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirma: "A Lava-Jato não apresentou qualquer prova que possa dar sustentação às acusações formuladas contra o ex-presidente Lula. São, por isso, sem exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare. Na falta de provas, usa-se da 'convicção' e de achismos".
O criminalista José Roberto Batochio declarou. "Este é um novo produto oníroco dos fundamentalistas que não apresentam provas, mas só 'convicções fervorosas', inspiradas por forças divinas".