Rio de Janeiro, 24 - A ex-presidente Dilma Rousseff fez críticas à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos da União por 20 anos, e ao processo de impeachment em discurso na noite desta segunda-feira, 24, no Rio. A petista também defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo ela, vive uma "perseguição".
"A PEC 241 é grave", afirmou no ato A Nacional Contra a Desconstrução do Estado Democrático de Direito, promovido pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio. Dilma afirmou que o País vive um "processo de golpe continuado" e de "desmonte das políticas sociais". "Uma parte expressiva da continuidade do golpe é a perseguição a Lula", disse. Ela falou para uma plateia em auditório lotado, que gritavam frases como "Fora Temer".
Para a ex-presidente, a PEC 241, bandeira do governo de Michel Temer, busca atingir a Saúde e Educação, que são os maiores gastos vinculados às receitas líquidas do governo. Entre as perdas que virão com a aprovação do projeto, disse, estão "remédios para hipertensão e diabetes". Para a petista, o "Bolsa Família sozinho não segura".
Dilma homenageou o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, seu advogado, também presente no evento. "Eu não poderia ter um melhor advogado, sem sombra de dúvida". Sobre o impeachment, voltou a defender que se trata de uma ruptura da Constituição, "um processo sem base constitucional".
Cardozo, também presente no evento, fez críticas ao governo de Michel Temer. "A democracia brasileira foi violentada, rasgaram a nossa Constituição...estamos vivendo um golpe. O golpe de 2016 que começou a ser construído no dia seguinte da eleição", afirmou. Para ele, as elites brasileiras não imaginaram que Dilma seria reeleita e trabalharam para a saída de Dilma logo após ter ganhado nas urnas.
O ex-ministro afirmou ainda que essa elite queria um governo de "brancos e ricos". Para ele, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha foi um aliado nesse movimento. Segundo ele, Cunha queria que Dilma se curvasse a ele, "mas ela não se curvou e não se curvará".
Cardozo afirmou ainda que "os que não foram eleitos, não têm direito a governar". "Os golpistas não passarão". (Mariana Sallowicz)