Brasília, 25 - Em mais uma alfinetada no ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), esnobou a eventual presença do titular do ministério no encontro articulado pelo presidente Michel Temer amanhã com a sua presença, a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, para reduzir a tensão institucional após quatro policiais legislativos da Casa terem sido presos sob a acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato.
"Ministro da Justiça? Ele representa qual Poder?", questionou Renan, na entrada do seu gabinete logo após se reunir com o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB). "Teria muita dificuldade de participar de qualquer encontro com o ministro da Justiça que protagonizou um espetáculo contra o Legislativo", completou.
Renan tem questionado a atuação de Moraes desde que o titular da Justiça disse na sexta-feira, 21, que os policiais do Senado extrapolaram das suas funções. Ontem, o peemedebista chegou a chamar o ministro de "chefete de polícia".
Juizeco
O presidente do Senado apoiou as declarações de hoje cedo da presidente do STF. "Onde um juiz for destratado, eu também sou", disse a magistrada em sessão do Conselho Nacional de Justiça sem citar nominalmente Renan. O peemedebista havia chamado ontem o juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela operação contra o Senado, de "juizeco".
"Cármen fez pelo Judiciário o que eu fiz pelo Senado", disse Renan, que, entretanto, ressalvou que faltou da parte da presidente do STF uma reprimenda em relação ao fato de o juiz de primeira instância ter determinado uma ordem contra o Senado, o que, em seu entender, deveria ter sido decretada pela Suprema Corte.
"Enquanto o juiz de primeiro grau usurpar a prerrogativa do STF, não dá para chamá-lo no aumentativo", respondeu Renan, quando questionado se teria exagerado nos comentários ao magistrado..