Os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte tiveram um duro confronto na noite dessa terça-feira no debate da TV Alterosa. Com três blocos de perguntas livres, o ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil (PHS) e o deputado estadual João Leite (PSDB) passaram a maior parte do tempo se acusando, repetindo o clima tenso que já vinha de outros encontros. Entraram em pauta temas como a dívida da Previdência, as operações Lava-Jato e Acrônimo e os supersalários da Assembleia Legislativa.
Confira o debate dos candidatos à PBH na iíntegra:
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Na sua vez de perguntar, Kalil questionou João Leite sobre qual seria sua proposta para as vilas e aglomerados, que, segundo ele, o tucano parece não conhecer. O candidato do PSDB aproveitou a resposta para mais uma provocação.
Na sequência, João Leite disse tratará das moradias e quetem um grande programa para as áreas de risco. "Vamos regularizar aqueles locais que forem possível", disse. Já Kalil disse que a Urbel, que poderia cuidar do problema das moradias, está abandonada. "Temos que reativar a Urbel e tirar as pessoas da área de risco, isso é vida, isso não pode esperar", afirmou. João Leite disse que o órgão está ocupado por indicados do vice de Kalil, Paulo Lamac (Rede). E voltou a atacar, dizendo que o "jeito novo" é não maltratar o trabalhador. "Não dá para fazer o que você fez nas empresas em BH", disse.
Segundo bloco
No segundo bloco, os candidatos formularam perguntas sobre temas específicos, como mobilidade urbana, despoluição da Pampulha, cracolândia e redução da máquina pública.
Sobre a despoluição da Pampulha, João Leite afirmou que já conseguiu R$ 140 milhões para as obras e que pretende negociar com a Prefeitura de Contagem para impedir que o esgoto continue sendo despejado na lagoa. Kalil rebateu dizendo que, se a PBH já tem recurso e não usou ainda, seria uma vergonha para o prefeito Marcio Lacerda. "Alguém acredita que a prefeitura tem R$ 140 milhões na mão? Então porque não usou até hoje?", questionou.
O tema mais polêmico foi sobre a redução da máquina pública de Belo Horizonte. Kalil afirmou que a PBH tem hoje 4 mil vagas "destinadas aos amigos e políticos de vereadores" e que "vai demitir todos assim que assumir a prefeitura". "Esses cargos entregues para políticos custam por ano R$ 180 milhões para a nossa cidade.
Terceiro bloco
O terceiro bloco esquentou com trocas de acusações entre os candidatos. João Leite começou dizendo que Kalil foi condenado a três anos e nove meses de prisão por colocar no bolso dinheiro da Previdência de funcionários e questionou por que o empresário colocou R$ 2,2 milhões em sua campanha e não os pagou. Kalil respondeu que João Leite fez nove campanhas e que ele está em sua primeira. Disse ainda ter vendido um imóvel para investir esse dinheiro na eleição. Kalil também citou o fato de o adversário ter uma casa em Orlando (EUA). "Ele tem casa em condomínio fechado e o vizinho da direita é o Mickey e o da esquerda é o Pluto, porque é em Orlando", afirmou.
João Leite disse que, além do eleitor, o pai de Kalil sabia quem é ele, pois trabalhou 17 anos no Atlético e Elias Kalil não quis vendê-lo. Já o candidato do PHS desafiou João Leite a publicar a carteira de trabalho da funcionária que ele trouxe na plateia para provar que era contratada dele.
Na sua vez, Kalil perguntou sobre o hospital Risoleta Neves. O tucano homenageou vereadores e deputados eleitos e disse que o governo do PSDB colocou dinheiro no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. Kalil afirmou que a prefeitura precisa assumir a gestão administrativa do Risoleta para que o hospital tenha um comando único.
O tucano disse que pretende fazer projetos de reforma popular para as vilas e favelas e questionou o adversário sobre o assunto. Kalil elogiou. Foi a deixa para o tucano criticá-lo novamente. "Que bom que você colocou no seu programa de governo, copiou nossa proposta", disse Leite. "Tava indo bem até a placa solar, nós temos é que levar esgoto pra sua rua, ninguém vai colocar placa solar em um barracão de ocupação. Vamos tentar levar água, luz, condição humana mínima para você, isso é realidade", respondeu o ex-presidente do Atlético.
Kalil disse a João Leite que Aécio viria do Rio para tentar salvar a campanha dele e perguntou se, na condição de investigado, o povo mineiro iria recebê-lo bem. João Leite saiu em defesa do padrinho político. "O senador Aécio tem várias menções e citações na esgotosfera, mas não tem nada de concreto. Diferente de você, que está condenado. Quer falar dele aqui", questionou.
João Leite disse ainda que Aécio vai se defender e lamentou que as pessoas continuem fazendo isso contra ele. Kalil respondeu que não está na esgotosfera. "Não é videozinho não, está sendo investigado na Lava-Jato pelo ministro Teori Zavaski, pelo procurador Janot, por citação na delação do Delcídio", retrucou Kalil. João Leite mais uma vez recorreu à aposentadoria do trabalhador, dizendo que o adversário a colocou no bolso. Na sequência, João Leite citou a Operação Acrônimo que está investigando o governador Pimentel. O candidato tucano disse que o vice de Kalil, deputado Paulo Lamac (PT), teria sido citado na investigação, o que ensejou um direito de resposta. No entervalo, Lamac negou a citação.
Quarto bloco
No último bloco, a troca de acusações esquentou ainda mais o debate. Os dois candidatos tiveram pedidos de respostas aceitos pelos advogados que acompanharam o confronto. Kalil afirmou que não foi condenado "nem está usando tornozeleira" e que são os tucanos que temem novas etapas das investigações da Lava-Jato: "Está saindo uma nova delação sobre a Cidade Administrativa (construída durante o governo Aécio) que vai deixar muita gente deles com medo", disse.
O tucano rebateu acusando Kalil de ser um "cartola que apoiou José Maria Marin", ex-presidente da CBF que está em prisão domiciliar acusado de envolvimento em esquemas de corrupção. "Você elevou a dívida do Atlético, é um cartola amigo de Marin, gente suja que está condenada", afirmou João Leite. Kalil respondeu dizendo que Marin é um mentiroso e que não apoiou o ex-presidente da CBF.
Kalil chamou João Leite de "malandrão" e disso que o tucano tem filho empregado pelo prefeito Lacerda. "Nós não vamos aceitar essa politicagem na prefeitura. Vamos colocar essa corja na rua e fazer a prefeitura funcionar", disse o ex-presidente do Galo. João Leite afirmou que Kalil deve desculpas aos funcionários, citando Adriana Madureira e os ex-funcionários que "não receberam pelo trabalho prestado em suas empresas"..