O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito, em conversas com as principais correntes internas do PT, que é favorável a uma decisão rápida, por meio de um Congresso Nacional do partido, para a escolha da nova direção petista. A proposta é defendida pelas correntes de esquerda agrupadas no Muda PT e contraria a majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual o próprio Lula faz parte.
Nas últimas semanas Lula recebeu todas as correntes com representação nacional, até as nanicas, o que não fazia desde que assumiu o governo, em 2003. Segundo pessoas que participaram das reuniões, ele quer que a reformulação programática do PT e a escolha da nova direção sejam encaminhadas ainda este ano. "Tem que começar a resolver antes do final do ano", disse o ex-presidente, segundo interlocutores.
Debandada
Lula está preocupado com a possibilidade de uma debandada na bancada de deputados federais do PT e avalia que, se a reformulação demorar até o ano que vem, como quer a CNB, haverá espaço para a dispersão de parlamentares.
Em reunião com a Mensagem ao Partido, semana passada, Lula defendeu a unidade do PT e reconheceu que muitos deputados já estão procurando alternativas para sobreviver politicamente. A derrota do PT nas eleições municipais deste ano ligou o sinal de alerta na bancada do partido na Câmara. Parlamentares temem ter o mesmo destino dos candidatos petistas a prefeito rejeitados pelo eleitorado.
A CNB defende que as novas direções sejam escolhidas por meio de um Processo de Eleições Diretas (PED), que só seria viável em maio ou junho do ano que vem. O presidente do PT, Rui Falcão, propôs que, em vez do PED, o PT realize um congresso com plenos poderes para definir a forma de escolha de novos dirigentes.