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Estado de Minas

Afagos de Renan tentam abafar crise entre os poderes

Presidente do Senado, Renan Calheiros, aproveita evento para elogiar a presidente do STF, Cármen Lúcia, depois de ter criticado juiz que autorizou a prisão de policiais legislativos


postado em 29/10/2016 06:00 / atualizado em 29/10/2016 07:52

Cármen Lúcia, Michel Temer e Renan Calheiros, que foi cumprimentado pelo ministro Alexandre de Moraes, em evento no Ministério das Relações Exteriores(foto: BETO BARATA/PR/DIVULGAÇÃO)
Cármen Lúcia, Michel Temer e Renan Calheiros, que foi cumprimentado pelo ministro Alexandre de Moraes, em evento no Ministério das Relações Exteriores (foto: BETO BARATA/PR/DIVULGAÇÃO)

Brasília – Panos quentes na crise entre os três poderes. Protagonista da tensão criada nos últimos dias entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aproveitou evento sobre segurança pública, promovido pelo presidente Michel Temer no Ministério das Relações Exteriores, para distribuir afagos à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha. Ele disse ter muito orgulho de ser presidente do Congresso Nacional no momento em que ela preside a Suprema Corte do país. Renan e Lúcia trocaram farpas públicas após o senador chamar de “juizeco” o juiz titular da 10ª Vara Federal do DF, Vallisney de Souza Oliveira, responsável por autorizar a Operação Métis, deflagrada na última sexta-feira, nas dependências do Senado, que prendeu quatro policiais legislativos e apreendeu documentos.

No dia seguinte à reação de Renan, sem citá-lo, a presidente do STF afirmou ser “inadmissível” que um juiz seja “diminuído” ou “desmoralizado” fora dos autos. “Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós, juízes, é agredido. E não há menor necessidade de, em uma convivência democrática livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade. O Poder Judiciário forte é uma garantia para o cidadão. O Brasil é pródigo em leis que garantem que qualquer pessoa possa questionar pelos meios recursais próprios os atos. O que não é admissível é que fora dos autos qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado porque, como eu disse, onde um juiz é destratado, eu também sou, qualquer um de nós, juiz, é”, afirmou Cármen, que disse ainda que o Poder Judiciário “exige” ser respeitado pelos demais poderes.


“Foi uma reunião muito produtiva. Aproveitei a oportunidade para cumprimentar respeitosamente a presidente Cármen Lúcia em nome do Congresso e do povo de Alagoas. Disse que tinha muito orgulho e que ia levar isso para a vida toda o fato de conviver com ela como presidente do Supremo Tribunal Federal. Ela é exemplo do padrão de caráter a ser seguido pelos brasileiros”, afirmou Renan, após deixar o encontro.

Página virada

Questionado se a partir da reunião de ontem, em que foram discutidas propostas para a segurança pública, o imbróglio poderia se considerado “página virada”, o senador respondeu: “O clima foi ameno e respeitoso. A reunião foi muito boa. Fizemos sugestões e o encontro é um exemplo a ser seguido. Mas não sei o que vai acontecer”.

O evento também contou com a presença do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. No dia da Operação Métis, que deteve quatro policiais legislativos no Senado sob acusação de fazer rastreamento ilegal de escutas telefônicas para obstruir as investigações da Operação Lava-Jato, Renan declarou que os agentes do Senado haviam extrapolado as suas competências.. As declarações do ministro revoltaram Renan, que o chamou de “chefete de polícia” em entrevista coletiva.

No mesmo dia, o senador disse que teria dificuldades de participar de qualquer encontro com o ministro. Ao ser o questionado sobre o episódio, Renan minimizou e ressaltou que exerce o cargo dele de forma plena. “Meu cargo não possibilitada isso. Tenho que exercê-lo na plenitude, até o final. Sentei com ele e com todos os ministros, porque isso é impessoal. O importante é focar no interesse nacional”.

 

 


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