Jornal Estado de Minas

João Leite e Kalil encerram a campanha com duelo judicial

Numa disputa eleitoral marcada por acusações, o último dia de campanha no segundo turno na capital mineira não fugiu à regra. Os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB) encerraram a corrida pelo cargo mais alto do município duelando na Justiça. A coligação do tucano conseguiu liminar no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) que suspendeu direito de resposta de Kalil, que seria exibido na noite de ontem na televisão. O ex-cartola havia conseguido na sexta-feira direito de exibir programa de um minuto, mesmo com o fim do horário eleitoral. Sem a aparição na TV, Kalil acabou fora do ar e centrou fogo na divulgação de suas propostas e em se defender nas redes sociais dos ataques do tucano. Já João Leite foi aos aglomerados Santa Lúcia e Alto Vera Cruz, nas regiões Centro-Sul e Leste da capital mineira, tentar conquistar eleitores indecisos numa campanha corpo a corpo.

Desfecho fora do ar

João Leite encerrou a campanha em aglomerados - Foto: Jair Amaral/EM/D.A PressO candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS) ficou em meio a uma batalha judicial no seu último dia de campanha. Depois de ter conseguido liminar para exibir direito de resposta na televisão ontem à noite, o ex-presidente do Atlético Mineiro acabou fora do ar. A autorização para a veiculação do vídeo foi cassada por volta das 18h pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).
A suspensão atendeu recurso da coligação do adversário, João Leite (PSDB).

Na noite de sexta-feira, o juiz Bruno Terra Dias, da Comissão de Propaganda Eleitoral de BH, havia concedido direito de resposta de um minuto ao ex-presidente do Atlético Mineiro, por causa do uso do termo “mais uma covardia do Kalil” em programa do tucano. O magistrado considerou o conteúdo, que foi ao ar na quinta-feira, de caráter injurioso. Dias também condicionou a exibição à sua aprovação prévia do programa.

Mas o juiz de plantão do TRE-MG Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa teve entendimento diferente e, cassou a autorização do direito de resposta. Na avaliação de Fonte Boa, o termo usado pela campanha tucana foi uma “simples crítica”, que faz parte do jogo eleitoral. Ele ressaltou também que o segundo turno das eleições em BH havia sido marcado por troca de acusações.

Kalil não fez campanha nas ruas ontem, mas aproveitou para reforçar nas redes sociais as propostas e respostas apresentadas no debate eleitoral da TV Globo, que ocorreu na sexta-feira. Ao longo do dia, vídeos curtos do candidato do PHS no debate foram postados em sua página do Facebook. Ele destacou que quer fortalecer em BH negócios e empresas na área de tecnologia.
O ex-cartola também prometeu abrir a caixa-preta das empresas de ônibus que operam na capital.

Segundo Kalil, moradores de ocupações urbanas na cidade podem ficar tranquilos. “Isso é uma questão de humanidade, não vamos te tirar daí”, afirmou. O ex-cartola também criticou a gestão da saúde. “São R$ 2,4 bilhões que escapam através de empreiteiras, empresas e não estão na mão de quem deveria”, afirmou. “É só fazer o dinheiro, que ninguém sabe onde está, chegar à saúde de BH”, completou. Ao longo da semana, usou a internet para divulgar críticas ao PSDB, participou de debates e de encontro com artistas e grupos culturais, além de fazer campanha de rua no Bairro Betânia, na Região Oeste.

Em busca de indecisos


- Foto: O candidato do PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte, deputado estadual João Leite, escolheu dois aglomerados para encerrar sua campanha ontem, na véspera da eleição. O tucano visitou o Morro do Papagaio, no Aglomerado Santa Lúcia, e o Alto Vera Cruz, onde conversou com eleitores e distribuiu adesivos, acompanhado de uma comitiva de apoiadores. Segundo ele, a escolha foi simbólica, pois ele vai priorizar a saúde, se eleito, e esses são uns dos locais que mais carecem de atendimento.

No último dia para pedir votos, João Leite voltou a dirigir críticas ao adversário no pleito, o ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil (PHS), mas negou que o nível da campanha tenha sido baixo.

O tucano afirmou que procurou ser “educativo” ao acusar o rival. João Leite disse estar muito confiante nessa reta final, por acreditar que o eleitor está mais informado. Apesar de ter dividido as últimas propagandas entre as críticas a Kalil e uma campanha contra os votos brancos e nulos, João Leite disse não acreditar que mais eleitores deixarão de optar entre um dos dois candidatos. João Leite comemorou o fato de a campanha ter sido em dois turnos. “Tinha que ter segundo turno para a gente saber o que essas pessoas estavam passando nas mãos de um péssimo patrão, que maltratou essas pessoas. Eu fui a voz delas”, afirmou, se referindo a Kalil.

O candidato tucano disse ter se decepcionado com Kalil, de quem foi amigo no passado. Segundo o candidato, as maiores “decepções” foram sobre as relações trabalhistas de Kalil com os empregados e o jeito de ele tratar as mulheres. “Uma coisa impensável o jeito dele de tratar as pessoas. Foi uma decepção muito grande, não imaginava que ele fosse dessa maneira, rindo, zombando de trabalhador, isso pra mim é inaceitável em uma pessoa”, afirmou. O candidato tucano disse ter combatido isso a vida inteira como presidente da comissão de direitos e garantias fundamentais (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, que presidiu de 1996 a 2000) e de segurança pública (presidiu na Legislatura passada).

O candidato negou ter partido para o ataque contra o rival.
“Não é ataque, é mostrar para a população a verdade. Ele tentou falar muitas coisas sobre mim também, mas mostramos os documentos. Somos muito diferentes”, afirmou. O candidato visitou o Morro do Papagaio, no Aglomerado Santa Lúcia, na manhã de ontem, acompanhado de uma série de assessores e apoiadores.

 

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