Desfecho fora do ar
O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS) ficou em meio a uma batalha judicial no seu último dia de campanha. Depois de ter conseguido liminar para exibir direito de resposta na televisão ontem à noite, o ex-presidente do Atlético Mineiro acabou fora do ar. A autorização para a veiculação do vídeo foi cassada por volta das 18h pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). A suspensão atendeu recurso da coligação do adversário, João Leite (PSDB).Na noite de sexta-feira, o juiz Bruno Terra Dias, da Comissão de Propaganda Eleitoral de BH, havia concedido direito de resposta de um minuto ao ex-presidente do Atlético Mineiro, por causa do uso do termo “mais uma covardia do Kalil” em programa do tucano. O magistrado considerou o conteúdo, que foi ao ar na quinta-feira, de caráter injurioso. Dias também condicionou a exibição à sua aprovação prévia do programa.
Mas o juiz de plantão do TRE-MG Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa teve entendimento diferente e, cassou a autorização do direito de resposta. Na avaliação de Fonte Boa, o termo usado pela campanha tucana foi uma “simples crítica”, que faz parte do jogo eleitoral. Ele ressaltou também que o segundo turno das eleições em BH havia sido marcado por troca de acusações.
Kalil não fez campanha nas ruas ontem, mas aproveitou para reforçar nas redes sociais as propostas e respostas apresentadas no debate eleitoral da TV Globo, que ocorreu na sexta-feira. Ao longo do dia, vídeos curtos do candidato do PHS no debate foram postados em sua página do Facebook. Ele destacou que quer fortalecer em BH negócios e empresas na área de tecnologia. O ex-cartola também prometeu abrir a caixa-preta das empresas de ônibus que operam na capital.
Segundo Kalil, moradores de ocupações urbanas na cidade podem ficar tranquilos. “Isso é uma questão de humanidade, não vamos te tirar daí”, afirmou. O ex-cartola também criticou a gestão da saúde. “São R$ 2,4 bilhões que escapam através de empreiteiras, empresas e não estão na mão de quem deveria”, afirmou. “É só fazer o dinheiro, que ninguém sabe onde está, chegar à saúde de BH”, completou. Ao longo da semana, usou a internet para divulgar críticas ao PSDB, participou de debates e de encontro com artistas e grupos culturais, além de fazer campanha de rua no Bairro Betânia, na Região Oeste.
Em busca de indecisos
O tucano afirmou que procurou ser “educativo” ao acusar o rival. João Leite disse estar muito confiante nessa reta final, por acreditar que o eleitor está mais informado. Apesar de ter dividido as últimas propagandas entre as críticas a Kalil e uma campanha contra os votos brancos e nulos, João Leite disse não acreditar que mais eleitores deixarão de optar entre um dos dois candidatos. João Leite comemorou o fato de a campanha ter sido em dois turnos. “Tinha que ter segundo turno para a gente saber o que essas pessoas estavam passando nas mãos de um péssimo patrão, que maltratou essas pessoas. Eu fui a voz delas”, afirmou, se referindo a Kalil.
O candidato tucano disse ter se decepcionado com Kalil, de quem foi amigo no passado. Segundo o candidato, as maiores “decepções” foram sobre as relações trabalhistas de Kalil com os empregados e o jeito de ele tratar as mulheres. “Uma coisa impensável o jeito dele de tratar as pessoas. Foi uma decepção muito grande, não imaginava que ele fosse dessa maneira, rindo, zombando de trabalhador, isso pra mim é inaceitável em uma pessoa”, afirmou. O candidato tucano disse ter combatido isso a vida inteira como presidente da comissão de direitos e garantias fundamentais (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, que presidiu de 1996 a 2000) e de segurança pública (presidiu na Legislatura passada).
O candidato negou ter partido para o ataque contra o rival. “Não é ataque, é mostrar para a população a verdade. Ele tentou falar muitas coisas sobre mim também, mas mostramos os documentos. Somos muito diferentes”, afirmou. O candidato visitou o Morro do Papagaio, no Aglomerado Santa Lúcia, na manhã de ontem, acompanhado de uma série de assessores e apoiadores.