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João Leite e Kalil encerram a campanha com duelo judicialEleitor de BH volta às urnas hoje sem favoritismoIbope aponta empate técnico entre Kalil e João Leite em BHDatafolha aponta empate técnico entre Kalil e João Leite em BHPrefeito eleito Alexandre Kalil sentencia: Agora vai ser "quibe"Kalil, prefeito eleito de BH: ''Acabou coxinha e mortadela; agora é quibe''Alexandre Kalil (PHS) é eleito prefeito de Belo HorizonteAo votar, Kalil diz que é um cara diferente depois da campanha Mulheres são 5,3% dos candidatos a prefeito que disputam segundo turno“Não posso prometer para vocês as obras que sei muito bem que vocês precisam. Porque isso é pura demagogia. Mas posso dizer que vou correr atrás dos recursos e que saneamento básico será prioridade, porque isso é dar condições mínimas para as pessoas viverem bem. É muito mais importante do que fazer viaduto para cair na cabeça da população”, disse Kalil, em referência ao viaduto Batalha dos Guararapes que desabou em 2014 e matou duas pessoas.
Apresentar-se aos eleitores como um candidato diferente do modelo tradicional de político – que costumam prometer tudo nos palanques e não cumprem nada quando estão no poder – foi a estratégia de Kalil desde o início. O slogan da campanha é “Chega de político, é hora de Kalil”.
A estratégia se encaixou bem com o momento de descrédito de grande parte da população brasileira com a classe política e, apesar de ter sido alvo de quase todos os outros candidatos no primeiro turno, Kalil foi para o segundo turno com 26% dos votos.
Na campanha ele manteve o estilo “pavio curto” que o fez conhecido pelo Brasil quando foi presidente do Atlético. Principalmente ao rebater ataques de seus adversários, Kalil subiu o tom e usou ironias para criticar os adversários – na maioria das vezes o embate foi com o vice-prefeito Délio Malheiros (PSD) e com o deputado Luis Tibé (PTdoB). No segundo turno, subiu ainda mais o tom dos ataques tanto nos debates como nas redes sociais.
Fora da política, a vida de Kalil tem sido marcada por embates. No futebol, colecionou desafetos ao longo dos seis anos que presidiu o Galo – 2008 até 2014. Bate-bocas no Clube dos 13 com o ex-presidente do Flamengo Kléber Leite, com o ex-presidente do Cruzeiro, senador Zezé Perrela, e com o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, fizeram com que a fama de brigão se espalhasse pelo país. Os embates já renderam suspensão pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mas também prêmios de dirigente do ano pela CBF e no Troféu Guará.
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Descendente de turcos, aos 57 anos, Alexandre Kalil é pai de três filhos e está no segundo casamento. O belo-horizontino fez faculdade de engenharia, mas largou no quarto ano para trabalhar na Erkal, empresa especializada em infraestrutura rodoviária, urbana e industrial, fundada pelo pai, Elias Kalil, e pelo tio.
A empresa foi o principal motivo de ataques dos adversários durante a campanha.
Sua trajetória no esporte começou no Atlético, quando o clube montou uma equipe de voleibol. Entre 1980 e 1983, Kalil coordenou a modalidade e conseguiu títulos estaduais e metropolitanos. A partir de 1998 ele se tornou um dos homens fortes do futebol no Galo ao presidir o Conselho Deliberativo e, em 2008, assumiu a presidência do clube.
No comando do Galo, Kalil concentrou os investimentos do clube no futebol, praticamente extinguiu outros departamentos e apostou em grandes contratações, como os craques Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli, para que a equipe conquistasse títulos importantes. A estratégia deu certo e a glória veio em 2013, com a Taça Libertadores da América.
A tão almejada taça, no entanto, tornou-se motivo de polêmica nesta campanha por causa de um comentário feito no dia seguinte da conquista: “Dormir com a taça é melhor do que com mulher. Ela acorda calada”, disse Kalil. A frase, que o cartola diz ser uma brincadeira, foi usada pelo PSDB como exemplo de preconceito contra as mulheres.
Como dirigente, Kalil colecionou também polêmicas e intrigas com torcedores arquirrivais, com vários ataques ao Cruzeiro.
Sua atuação como dirigente esportivo rendeu convites para que ele se filiasse a partidos políticos desde 2010, quando negou a se candidatar deputado pelo Partido Verde. Quatro anos depois, ele aceitou disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSB, mas sua campanha durou poucas semanas. Logo após a morte do presidente da legenda – o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto de 2014 – Kalil desistiu da candidatura.
Ao seu estilo, o mandatário saiu do partido reclamando dos acordos fechados internamente após a morte de Campos e detonando a classe política. “Nada nesse partido me interessa. O que me interessava caiu de avião. Nem piso no partido. Agora estou livre desta merda de política. Não vou me rebaixar a ser político”, disparou Kalil.
Em março deste ano, o cartola retomou a relação com a política.