Roberta Pennafort, 30 - Em discurso há pouco na Cinelândia, no centro do Rio, para centenas de eleitores, o candidato do PSOL à prefeitura da cidade, Marcelo Freixo, admitiu a derrota para Marcelo Crivella (PRB), e disse que, ainda que tenha perdido nas urnas, venceu a eleição.
"Hoje é dia de celebração, porque a gente fez a campanha mais bonita desse País. Nossa vida não é movida à pauta das urnas. A gente chega com uma extrema vitória. Tivemos 11 segundos na televisão no primeiro turno e conseguimos derrotar o PMDB. Chegamos ao segundo turno e enfrentamos o que há de mais obscuro na política, que usou métodos que a gente não imaginava possível. Os próximos quatro anos não serão fáceis, mas terá oposição, porque tem projeto, tem luta", disse Freixo.
Ele citou o peso do contexto nacional na eleição carioca. "A esquerda perdeu no Brasil inteiro. Mas nosso sonho não cabe na urna. A gente enfrentou um momento muito difícil, de derrota do projeto de esquerda, e a gente conseguiu criar uma resistência no Rio. Renascer um projeto de esquerda no Rio não é pouca coisa. Devolvemos alegria e emoção às eleições do Rio. É importante dizer que nada termina aqui. É só o começo. Aqui vai ter defesa daquilo que a cidade precisa, porque na Câmara tem os vereadores do PSOL".
Freixo agradeceu aos militantes do PSOL e do PCB. "Respeito muito o processo democrático, o voto nulo. Mas nosso programa não acaba hoje. A luta por essa cidade não é uma eleição que vai definir. Perdemos uma eleição, mas ganharmos sentido na política. Olhem essa praça, tem muito mais gente aqui do que com eles (Crivella). Essa campanha não teve ninguém pago. Não tem dinheiro que pague nossa utopia. Eu tenho um pedido a fazer a vocês: 'que a gente continue debatendo. Não adianta me perguntar: E 2018? E 2020?' Está muito longe, eu quero saber desse mês."
A multidão que esperava Freixo falar não desanimou diante do avanço da apuração dos votos, mesmo com o telão informando a derrota do candidato do PSOL, e cantou os jingles da campanha com animação. Ele agradeceu aos 14 mil doadores, que financiaram sua campanha.
Por volta das 18h30, foi anunciada a vitória pelo telão. Algumas pessoas choraram. Um grupo gritou "Fora Crivella" e "Fora Temer". Mobilizados pelas redes sociais, os eleitores começaram a ocupar a Cinelândia no meio da tarde. Freixo chegou pouco antes das 19 horas, procurando não demonstrar abatimento com a derrota.