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Comissão da Câmara que analisa medidas anticorrupção ouve Moro De 10 medidas anticorrupção, 4 são alteradasRelator tira de medidas anticorrupção crime de responsabilidade de juízes e MPSegundo o relator, o texto vai prever pena de 2 a 5 anos de prisão para quem cometer o crime de caixa 2, desde que a origem do dinheiro doado seja "lícita". "Receber, manter, movimentar ou utilizar o candidato, o dirigente e o integrante de órgão de direção de partido político ou coligação, recursos, valores, bens ou serviços estimáveis em dinheiro, de origem lícita, paralelamente à contabilidade exigida pela legislação", diz o texto ao qual o Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) teve acesso.
Caso os recursos usados no caixa 2 sejam de origem ilícita, Lorenzoni afirma que os políticos e partidos deverão ser enquadrados na lei de lavagem de dinheiro, cuja pena é de 3 a 10 anos de detenção. Segundo ele, o pacote anticorrupção vai prevê uma mudança nessa lei, para estabelecer que ela também se aplica para "efeitos eleitorais e partidários". Inicialmente, as origens lícitas e ilícitas constariam na tipificação de caixa 2, mas foram separados a pedido de advogados.
Para o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que exerce o 11º mandato na Câmara, o texto vai abrir espaço para uma autoanistia por "via transversal". Ele lembra que políticos, empresas e partidos que forem condenados após a aprovação da lei tentarão a anistia na Justiça, com o argumento constitucional de que nenhuma lei pode retroagir para prejudicar pessoas ou empresas. Além disso, dirão que, se foi tipificado, é porque não era considerado crime antes.
Na avaliação de Teixeira, não havia necessidade de tipificar o crime de caixa 2. "Caixa 2 é um apelido de um mundo de infrações financeiras", afirmou, lembrando que já há um conjunto de artigos que condenam a prática de caixa 2, embora a palavra não esteja explicitada.
"Esse artigo existe há mais de uma década. Quantas condenações teve com base nele? Muito poucas", rebateu Lorenzonni. O relator também rechaça a tese de que o pacote vai promover uma anistia, ao abrir margem para que políticos e empresas argumentem que a lei não pode retroagir para prejudicá-los. "Isso não é um argumento. É a Constituição brasileira", diz. Para ele, a tipificação do crime vai ajudar a acabar com a "cultura" do caixa 2 no Brasil.
Votação
Lorenzoni afirmou que tentará ler o parecer do pacote anticorrupção na próxima semana, na comissão especial na Câmara, para que possa ser votado no colegiado na semana seguinte. Depois, afirmou, tentará votar a proposta no plenário, na semana posterior.
Em 19 de setembro deste ano, lideranças de diversos partidos, como PSDB, PP, PT e PCdoB, tentaram votar no plenário da Câmara um projeto que previa a criminalização do caixa 2 e a anistia para quem já tivesse adotado a prática antes. Após protestos de deputados do PSOL e da Rede, porém, o 1º secretário da Casa, deputado Beto Mansur (PRB-SP), que presidia a sessão, retirou a matéria da pauta.
Provas ilícitas
O relator do pacote de medidas de combate à corrupção em análise na Câmara disse também que retirou da proposta que será encaminhada para votação a possibilidade do uso de provas obtidas de forma ilícita em processos judiciais.
A possibilidade tinha sido incluída pelo Ministério Público Federal (MPF) no texto original do pacote enviado ao Congresso Nacional. A ideia era mudar o Código de Processo Penal, para que as provas ilícitas pudessem ser usadas nos processos, quando "os benefícios decorrentes do aproveitamento forem maiores do que o potencial preventivo".
Lorenzoni disse que, em seu parecer, também alterou o trecho que trata do chamado teste de integridade, ou seja, uma simulação de situações sem o conhecimento dos agentes públicos, com objetivo de testar a conduta moral deles a e predisposição para cometer atos ilegais contra a administração pública, também incluída pelo MPF.
O relator afirmou que o texto vai prever que o teste só terá efeitos administrativos. Pela proposta original, ele também poderia ser usado para instruir processos criminais. Além disso, a proposta estabelecerá que, para que o teste seja realizado, todos os servidores do setor que será testado devem ter sido treinados antes. Essa condição não estava prevista no texto original.
O deputado disse ainda que o texto que encaminhará para votação não vai trazer mudanças na forma de concessão de habeas corpus, instrumento jurídico usado para pedir a liberdade de pessoas presas. O texto original enviado pelo MPF previa a restrição da concessão de habeas corpus..