Já começaram as especulações sobre o secretariado do prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), que prometeu, durante a campanha, preencher as secretarias apenas com técnicos ou políticos que, segundo ele, entendam do que vão fazer. Alguns nomes estão sendo discutidos. Um deles é o do ex-presidente da Companhia Estadual de Habitação, o engenheiro Claudius Vinicius Leite Pereira, que coordenou na campanha de Kalil tudo que envolveu habitação e ocupações urbanas. Integrante da Rede, Claudius foi o responsável pela aproximação do candidato com os movimentos em defesa da habitação e é cotado para comandar a Secretaria de Obras e Estruturas do futuro governo ou a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), que ele presidiu na gestão do atual prefeito Marcio Lacerda (PSB).
Para a Secretaria de Esporte e Lazer um dos cotados é o jornalista esportivo Álvaro Damião (PSB), eleito para seu primeiro mandato de vereador. Caso seja nomeado, sua vaga deve ser ocupada pelo vereador Pelé do Volêi (PSB), que não conseguiu se reeleger. Para a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), um dos cotados é o vereador do PCdoB Tarcísio Caixeta, que também não se reelegeu. Engenheiro, Caixeta já comandou a Sudecap e a Urbel nas gestões de Célio de Castro. A entrada do PCdoB, que no segundo turno declarou apoio à candidatura de Kalil, está sendo costurada pelo presidente da legenda na capital, Zito Vieira.
O médico dermatologista Jackson Machado Pinto é cotado para comandar a Secretaria de Saúde.
Para a área de segurança pública, o mais cotado, como o Estado de Minas já havia antecipado durante a campanha, é o sociólogo Cláudio Beato, especialista em segurança pública e controle e prevenção da violência. Beato foi quem coordenou o plano de governo de Kalil para a área, tarefa que ele também desempenhou na campanha de Antonio Anastasia para o governo de Minas, em 2010.
Para a Fundação Municipal de Cultura, caso ela seja mantida, um dos nomes é o atual presidente da instituição, Leônidas José de Oliveira, que integrou a equipe de Kalil a partir do segundo turno da disputa. Nas entrevistas antes da eleição, o candidato disse que estudava a possibilidade de recriar a Secretaria Municipal de Cultura, extinta pelo então prefeito Fernando Pimentel para dar lugar à fundação. Caso seja recriada, como vem sendo ventilado, ela deve ficar sob o comando da Rede.
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O advogado Guilherme de Souza Barcellos, conhecido como Guilherme Papagaio (PHS), de 36 anos, ligado ao deputado estadual Iran Barbosa (PMDB), apoiador de Kalil desde o primeiro turno, deve ser um dos indicados pelo prefeito eleito para um cargo no primeiro escalão. Durante o governo Lacerda, Papagaio foi um dos responsáveis pela relação com os vereadores e é conhecido por ser jovem, dominar o regimento interno da Câmara e ter um ótimo trânsito com os parlamentares.
Desafio na Câmara
Na primeira reunião plenária na Câmara Municipal depois das eleições, os vereadores mostraram que o futuro prefeito, Alexandre Kalil (PHS), terá que exercer sua capacidade de negociação para conseguir que os projetos do Executivo sejam aprovados na Casa Legislativa. O slogan da campanha “Chega de político. É hora de Kalil” e frases polêmicas do ex-cartola causaram mal-estar entre os parlamentares. Ontem, depois de cumprirem o protocolo e parabenizar o prefeito eleito, eles trataram de criticar o estilo “antipolítico” de Kalil.
Como primeiro ato da equipe de transição, o deputado estadual Iran Barbosa (PMDB), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente do Atlético Mineiro, foi ontem à Câmara e escutou as reclamações sobre o futuro prefeito. Mas nem a presença do representante de Kalil amenizou o clima, pelo contrário. Era esperada também a ida do futuro vice-prefeito, o deputado estadual Paulo Lamac (Rede), que acabou adiada para a próxima semana. Além de coordenar a equipe de transição, Lamac cuidará da articulação política do novo governo.
O vereador Elvis Côrtes (PSD), que garantiu cadeira para o próximo mandato, questionou Kalil sobre o novo jeito de fazer política e pediu respeito com a Câmara: “Dizer que aqui tem coxinha e salame, mortadela? Quero respeito. Aqui têm pessoas com responsabilidade”, disse.
“Vamos nos colocar em alerta, na oposição. Durante a campanha, Kalil escorraçou nosso partido e nos mandou para o inferno”, afirmou ao microfone o vereador Arnaldo Godoy (PT), reeleito para a próxima legislatura. Godoy pôs em xeque a expressão “Chega de político”. “Isso cheira a autoritarismo e a falta de participação popular”, emendou. Colega de bancada e também reeleito, o vereador Pedro Patrus (PT) disse que o partido vai cobrar as propostas do ex-cartola. “Vamos querer saber quando (a ocupação do) Isidoro será regulamentado, se a caixa-preta das empresas dos ônibus vai ser aberta”, reforçou.
As críticas sobraram até para Iran Barbosa, que, para o presidente da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), deveria estar na Assembleia Legislativa, “já que ele é deputado e recebe para estar lá”. Barbosa entende que a reação dos parlamentares a Kalil é natural. “Fomos eleitos com uma base de governo reduzida e algumas arestas existem. O que os vereadores reivindicam é independência e diálogo e isso é o que Kalil quer.
Mas um dos aliados de Kalil, o vereador eleito Gabriel Azevedo (PHS), que foi um dos coordenadores da campanha do ex-cartola, tem esquentado o clima antes mesmo de assumir o cargo. Ele tem declarado publicamente sua posição contrária à reeleição de Wellington Magalhães para a presidência da Casa, que já está articulando a permanência no cargo nos próximos dois anos. “Para mim, ele é um zero à esquerda. Quero pegar ele no plenário discutindo projeto”, disse Magalhães. Azevedo afirmou que não fala pelo governo Kalil, mas pelo seu mandato. Segundo o futuro parlamentar, a saída de Magalhães é o que esperam seus mais de 10 mil eleitores e que a sociedade já deu recado sobre a renovação no parlamento. “Isso deveria inspirar os vereadores a não irem pelo mesmo caminho”, afirmou Azevedo, que disse não pretender se candidatar a Presidência da Casa..