O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, afirmou nesta sexta-feira, que a PEC do Teto não congela os gastos por 20 anos. Segundo ele, essa regra só vale nos primeiros 10 anos, mas depois desse período o presidente pode mudar a regra. "Tenho certeza absoluta que o presidente vai fazer isso", comentou durante evento que debate os efeitos da PEC do Teto nos gastos com saúde.
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Maia entrega pessoalmente a Renan texto da PEC do teto dos gastosAprovação de PEC dos Gastos abre caminho para outras reformas, diz MeirellesGoverno já trabalha por aprovação da PEC do teto dos gastos no SenadoRelator abre prazo para emendas ao texto da PECSegundo Mansueto, se o Brasil começar a crescer mais do que o esperado e fizer o ajuste fiscal necessário em menos de 10 anos, a receita extra poderá ser transferida para estados e municípios. "Se em cinco, seis anos o problema fiscal desaparecer, ótimo, nós teremos um bom problema. A gente pode passar parte do ganho de receita para estados e municípios. A PEC não será um problema, pelo contrário, vai ajudar a colocar em discussão a descentralização fiscal, o pacto federativo."
Para o secretário, o ato de colocar em lei que existe uma vinculação de gastos da saúde com o PIB ou a receita federal não garante que haverá recursos para pagar por isso. Ele lembrou o caso da Venezuela, que há seis anos foi elogiada internacionalmente por seu sistema público de saúde, mas hoje vive uma grave crise econômica, que acabou com a saúde pública. "Se formos perguntar no Tribunal de Contas da União (TCU), vamos ver que em 2011, 2012, 2013 e 2014 o governo não cumpriu o gasto mínimo com saúde, porque a despesa obrigatória é calculada em cima do empenhado, não do efetivamente pago.
Respondendo a uma preocupação levantada pelo médico Dráuzio Varella, que também participou do evento, Mansueto explicou que em casos de epidemia ou calamidade pública, o governo poderá abrir créditos extraordinários, que não estão limitados pela PEC. "Se houver uma epidemia que obrigue o governo a gastar R$ 10 bilhões, R$ 12 bilhões, poderá gastar. Se tiver um grande temporal no período de chuvas, com desabamentos, e o governo precisa pagar socorros, isso estará fora da PEC, pode abrir gasto de quanto for", afirmou.
Mansueto defendeu o ajuste fiscal e disse que, se o Brasil quer ter uma educação finlandesa e uma saúde inglesa, precisa voltar a crescer, "e isso não vai acontecer com uma grave crise fiscal e um juro de 14%". Ele explicou que, na prática, hoje a prioridade no País não é saúde e educação, e sim Previdência, que consome quase metade dos gastos federais. "Temos de fazer a reforma da Previdência, assim teremos mais recursos livres para gastar com saúde e educação".
Ele lembrou que a PEC vai gerar uma discussão mais transparente do Orçamento, porque se for tirado recurso da saúde ou da educação para outra área, a população vai saber. "Temos lobbies poderosos que brigam por nacos dor Orçamento, mas agora tudo vai ficar claro. Cabe criticar e denunciar"..