São Paulo, 04 - O secretário de Saúde de São Paulo, David Uip, disse que ainda está tentando entender os impactos que a PEC do Teto terá na área da saúde. Ele participou de um evento nesta sexta-feira, 4, para discutir o assunto. "Os economistas dizem que ela é indispensável, inadiável, tem de ser implementada, e eu acredito nisso. Estou tentando me informar sobre a PEC para ter uma opinião final. Estou tentando acreditar não vai trazer desconforto para a saúde", afirmou.
Uip disse que o governo do Estado deve ter uma queda de arrecadação com o ICMS de quase R$ 15 bilhões em 2015 e 2016. Como a Saúde fica com 12% desse total, isso significa uma redução de R$ 1,8 bilhão no orçamento da sua pasta. Além disso, tem mais R$ 1,5 bilhão que o governo federal deveria transferir para o Estado, por serviços prestados pela administração estadual, mas que não são reconhecidos pela União. Isso significa que a Saúde paulista começará 2017 com um rombo de quase R$ 3 bilhões.
Para 2016, o secretário explicou que o governador Geraldo Alckmin descontingenciou o orçamento da Saúde e também permitiu a antecipação das cotas mensais, o que ajudará a pasta a fechar as contas do ano. Já para 2017, Uip diz que está trabalhando para diminuir o desperdício e também começa a discutir formas de conseguir dinheiro novo, como com a proposta de cobrança pelos pacientes que têm plano de saúde mas são atendidos pelo SUS.
O médico Dráuzio Varella, que participou do mesmo evento, comentou que tem algumas preocupação com a PEC do Teto. Ele lembrou que a inflação no setor de saúde é maior do que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e que existe o problema da judicialização. Mesmo assim, ele apontou que não existe uma boa avaliação dos gastos no SUS. "Acho que o Ministério da Saúde não deveria ser comandado por um médico, como dizem, mas por um delegado federal, para a gente saber para onde está indo o dinheiro", brincou.
Ele enalteceu a criação do sistema público de saúde, mas se disse incomodado quando algumas pessoas afirmam que "é preciso defender o SUS". "A defesa do SUS não será com ideologia, será com medidas práticas, e isso vai esbarrar em interesses políticos, comerciais, em corporativismo. Existem ilhas de interesses pessoais que contaminaram todos os níveis do SUS que vão ter de ser enfrentadas.