O projeto que pretende acabar com o foro privilegiado para autoridades no país, inclusive do presidente da República, deu mais um passo no Congresso. O relatório da Proposta de Emenda Constitucional 10/2013, de autoria do senador Alvaro Dias (PV-PR), protocolado ontem na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJC), altera a Constituição Federal e determina que todos os integrantes de cargos públicos respondam por crimes comuns na primeira instância do Judiciário. A partir de agora, o prazo para emendas está aberto e a intenção do relator na comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é ler o texto na próxima terça-feira e votá-lo na semana seguinte.
“É notório que restou ultrapassada a ideia de que o foro por prerrogativa de função serviria para proteger o cargo, não o seu ocupante. O que se observa, ao contrário, é que muitas pessoas buscam o mandato eletivo justamente para fugir das instâncias ordinárias da Justiça, conduta francamente reprovável”, aponta o relator. “Hoje, o foro especial é visto pela população como verdadeiro privilégio odioso, utilizado apenas para proteção da classe política — que já não goza de boa reputação —, devido aos sucessivos escândalos de corrupção. Oportuno e conveniente, portanto, modificar as regras vigentes, no que tange ao foro privilegiado,” detalha.
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Apesar de saber que é um assunto polêmico entre parlamentares, o senador pretende conversar com cada um dos integrantes do colegiado para convencê-los da importância da mudança e está otimista. “Acredito que o Senado é um pouco mais sensível à opinião pública do que a Câmara.
Advogado e idealizador da Lei da Ficha Limpa, Marlon Reis afirma que só o fato de um relatório ter sido apresentado na CCJC do Senado é uma vitória. “É muito importante que haja um marco sobre o qual o Parlamento possa debater. Não significa que o texto é a palavra final, mas esse assunto estava parado e é bom que esteja caminhando agora.
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