São Paulo, 08 - A Procuradoria-Geral de Justiça encaminhou ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), por meio da Subprocuradoria-Geral de Políticas Criminais, informações sobre o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) para que a investigação tenha prosseguimento.
A informação sobre os novos rumos do caso Celso Daniel foi revelada pelos repórteres Silvio Navarro e Felipe Frazão, da revista Veja, nesta terça-feira, 8. A retomada das investigações foi discutida em reunião na Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo. Desde 2005 já existe um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) no Gaeco de Santo André sobre o homicídio. Mas essa investigação nunca foi concluída.
O chefe do Ministério Público do Estado Gianpaolo Smanio decidiu encaminhar ao Gaeco as informações que lhe foram transmitidas na quinta-feira, 3, pelo procurador de Justiça Edilson Mougenot Bonfim. Edilson Bonfim pediu a reabertura da investigação. O pedido consta em parecer que ele produziu em recurso da defesa de Elcyd Oliveira Brito, o John, condenado a 20 anos de prisão como um dos matadores do prefeito.
O procurador quer saber quem foram os mandantes do assassinato do petista. Alega que novas provas apareceram no caso. O procurador cita em especial o relato do empresário Marcos Valério, apontado como "operador" do mensalão. Valério contou sobre um transação para "comprar o silêncio" de um empresário da área de transporte coletivo que poderia envolver a cúpula do PT no crime.
Celso Daniel foi assassinado à bala em janeiro de 2002. A Justiça condenou os matadores, submetidos a júri popular na Comarca de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Para a Polícia Civil o petista foi vítima de "crime comum" - ele foi atacado a caminho de casa, numa noite de sexta-feira, depois de jantar em São Paulo com o amigo e ex-segurança Sérgio Gomes, o "Sérgio Sombra", que morreu em setembro de 2016, vítima de câncer.
Para o Ministério Público Estadual, porém, Celso Daniel foi morto a mando de corruptos porque teria mandado acabar com esquema de fraudes e desvios em sua própria gestão quando descobriu que recursos ilícitos eram destinados ao caixa do PT. As principais suspeitas sobre o mandante do crime apontavam para "Sérgio Sombra". Os promotores queriam levá-lo a julgamento. Seu defensor, o criminalista Roberto Podval, sempre rechaçou com veemência a linha de acusação da Promotoria. Com a morte de "Sombra", o Ministério Público agora quer saber se havia outros mandantes.