Ao mesmo tempo que o presidente Michel Temer fazia críticas aos protestos de alunos nas escolas, a PUC Minas anunciava decisão do Tribunal de Justiça do estado, que determinou a reintegração de posse de todas as unidades alvo de manifestação dos estudantes.
Durante evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, Temer defendeu ontem a necessidade da medida provisória (MP) da reforma do ensino médio e disse que ela produziu o efeito de gerar o debate sobre o sistema educacional. O presidente fez uma crítica às ocupações nas escolas ao dizer que hoje “usa-se o argumento físico e não verbal”. “Se ocupa a escola, a estrada”, disse durante discurso.
Temer afirmou que a MP do ensino médio já estava parada havia muito tempo e que precisava ser colocada para frente. O presidente ponderou que não é necessariamente a favor do texto e admitiu que pode enviar ao Congresso um projeto de lei sobre o tema. “Não que eu seja a favor da MP, mas ela vai instalar uma discussão no país com vista no ensino médio”, disse. “As pessoas debatem sem ler o texto”, disse o presidente. “Se for necessário votar projeto de lei, nós votaremos. Não há problema nisso”, completou.
Temer comentou ainda que “não é possível” que as crianças não saibam multiplicar, não saibam falar o português. “A MP produziu ou não produziu efeito? Produziu. Estão discutindo. Estão até levando a efeito físico”, reforçou.
PRAZO A PUC Minas conseguiu reintegração de posse das unidades do Coração Eucarístico e do São Gabriel, alvo de protestos de estudantes contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 – que estabelece um teto para gastos públicos – e à reforma do ensino médio. O prazo para que os alunos deixem os espaços é de cinco dias, após a intimação. A decisão foi dada pelo TJMG na segunda-feira, mas só foi divulgada ontem pela universidade em nota.
No texto, a reitoria informa ainda que não pretende usar “meios abusivos” para retirar os estudantes. “Cabe esclarecer, no entanto, que o diálogo entre representantes da reitoria e do movimento de alunos prossegue, comprometendo-se a PUC Minas a não se valer de meios abusivos para proceder à desocupação de suas instalações, na certeza de que tal situação terá uma breve e tranquila solução”, afirma a universidade.
A PUC Minas apela para que os responsáveis pelo movimento “considerem o direito dos outros alunos”. “Mesmo compreendendo a relevância social da motivação do mencionado movimento, a universidade não pode permitir que a normalidade das atividades acadêmicas seja prejudicada, especialmente em função da proximidade do final do semestre letivo”, afirma. A PUC Minas foi a primeira faculdade particular a ser inserida na agenda de protestos estudantis que ocorrem pelo país.
UFMG Na UFMG, o movimento continua. De acordo com o movimento “Ocupa Tudo UFMG” estão ocupados os prédios da Farmácia, Ciências Exatas, Educação Física, Centro de Atividades Didáticas (CAD) 1 e 2, Música, Instituto de Geociências, Belas Artes, Faculdade de Educação, Letras, Ciência da Informação, Arquitetura, o Colégio Técnico (Coltec) e o teatro universitário. Nesses locais, não estão ocorrendo aulas. (Com agências)
Enem
A secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena de Castro, descartou ontem a possibilidade de cancelar a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após a suspeita de vazamento. “Não há risco de cancelamento da prova nem da redação. A situação está muito circunscrita.” Segundo a secretária, os casos revelados pela Polícia Federal, que no domingo prendeu suspeitos que teriam tido acesso ao tema da redação, estão sendo averiguados. “As informações que nós temos é que não houve vazamento, e a PF continua as suas investigações”, disse. Ela afirmou que suspeitas de vazamentos acontecem todos os anos, devido à complexidade da logística de se aplicar o exame no país inteiro.