Brasília, 09 - O Conselho de Ética retomou nesta quarta-feira, 9, a oitiva das testemunhas do episódio envolvendo a cusparada do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) em Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no dia 17 de abril, data da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Em seu depoimento, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) disse que ouviu Bolsonaro provocar Wyllys, chamando de "bichinha", "franguinha" e "queima-rosca". O petista disse que no dia da sessão o clima de disputa estava conflagrado e, assim como outros parlamentares, Wyllys teve de enfrentar um verdadeiro "corredor polonês" na hora de declarar seu voto.
Luiz Sérgio disse que viu a tentativa de se criar um fato político envolvendo Wyllys e que se fosse ele naquela situação, não saberia dizer como reagiria à provocação. O petista afirmou que o episódio precisa servir de reflexão no Parlamento de como os deputados devem conviver com o diferente, como travestis e transexuais, que futuramente poderão ser eleitos. "É preciso debater procedimentos de como conviver com o diferente de forma responsável", pregou.
Já os aliados de Bolsonaro têm sustentado no conselho de que ele não provocou Wyllys, apenas usou a expressão "Tchau, querida", termo usado para provocar os defensores da ex-presidente Dilma. "A fala era repetida aleatoriamente, não tinha intenção de atingir ninguém", disse o deputado Marcus Vicente (PP-ES).
Wyllys responde a processo por quebra de decoro parlamentar e pode ser suspenso por até seis meses pelo "ato atentatório". A análise da representação ainda está em fase preliminar e caberá ao colegiado decidir se dará prosseguimento ou se vai arquivar o processo. O processo contra Wyllys é fruto de seis representações levadas à Corregedoria da Casa, sendo duas delas do ator Alexandre Frota.