Brasília, 09 - O ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel considera que a Operação Lava Jato pode perder a eficácia se ampliar demais o escopo das investigações. O procurador se referiu ao acordo de delação premiada da Odebrecht, em processo de negociação final com o Ministério Público, que pode envolver mais de 200 políticos. Gurgel foi chefe da PGR no auge do julgamento do mensalão, em 2012.
"A Lava Jato tem prestado, tem feito investigações valiosas e importantes. Eu sempre digo que temo essas devassas gerais. Temo que as investigações crescem demais porque corremos o risco de torná-la ineficaz. Quando se anuncia que haverá delações envolvendo 200, 300 pessoas, eu temo que isso acabe não tendo as consequências, os resultados que a sociedade espera", disse.
Para Gurgel, a Lava Jato já produziu grande resultado, mas deve prosseguir "sempre com essa preocupação de não transformar em devassa geral". Ele reconheceu que é difícil fazer isso sem parecer que há uma seletividade política. "Eu acho que precisa é verificar aquilo que está direta e estreitamente ligado às investigações até aqui. E não dar amplitude tão grande como se aproxima", comentou o ex-PGR.