Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira (11/11) que a Operação Lava-Jato tem potencial para acabar com a corrupção endêmica no país. “Ninguém tem a ilusão de que essa investigação vá acabar com a corrupção no país. O que a gente tem é que controlar a corrupção endêmica. Não tem herói, santo, que num passe de mágica vai dizer que o Brasil virou um paraíso”, disse Janot. Para falar sobre o combate à corrupção, Janot recorreu a uma figura de linguagem e disse que a investigação “envergou uma vara” no país. “Chegamos a esse ponto da investigação. Envergamos uma vara. Se agora isso não prossegue e essa vara solta, ela volta e volta chicoteando todo mundo.
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Para Janot, acordo de leniência sem MP não evita punição criminalLava Jato não teria chegado onde chegou sem cooperação internacional, diz JanotJanot diz que Lava-Jato 'envergou a vara' da corrupção endêmica no PaísJanot manifestou apoio a trabalho da comissão dos supersalários, diz Kátia AbreuDelação de executivos da Odebrecht vai duplicar trabalho da Operação Lava-JatoRodrigo Janot defende redução de foro especial para agilizar JustiçaEle também defendeu a redução da quantidade de autoridades que têm direito a foro privilegiado. Segundo ele, há hoje aproximadamente 22 mil autoridades com prerrogativa de foro no país, que não são julgados pela justiça em primeiro grau, mas por tribunais. “O foro privilegiado é um problema e o sistema recursal também é um problema”, disse Janot, em conversa com jornalistas, na sede da Procuradoria-Geral da República.
O procurador criticou a proposta de lei de abuso de autoridade que tramita hoje, classificando o texto como “muito ruim”. “Todos nós - ou cidadão ou agente político - queremos uma lei que puna o abuso de autoridade (...) A proposta que tramita no Senado hoje é muito ruim”, afirmou. Ele afirmou que a proposta não pode deixar os “tipos de abuso” em aberto, nem criminalizar a “hermenêutica” - a interpretação dos juízes, por exemplo.
Ele defendeu o sigilo de investigações em curso e afirmou que o vazamento de informações de delação premiada é prejudicial “A mobilização da opinião pública tem que ocorrer no caso das modificações legislativas. O vazamento é mais prejudicial à investigação do que ajuda a investigação. O clamor popular não interfere na investigação. O sucesso dessas investigações está no sigilo”, disse Janot.
O procurador-geral da República rebateu críticas de que a investigação possa ser prejudicial à economia e afirmou que o modelo descoberto pela Lava-Jato não é o modelo que se quer “resguardar”, porque é baseado em práticas de cartel e suborno. “Qual era o quadro da economia por trás dessas empresas? Era uma economia assentada em cima de cartelização, de um capitalismo tupiniquim de acerto, pagamento de suborno. Quem chega a um ponto desse por esse meio espúrio não tem nenhum compromisso com competição, nenhum compromisso com desenvolvimento tecnológico. Não é essa a economia que se pretende resguardar e, se for, vamos alterar a Constituição e dizer que o modelo nosso não é capitalista e não é modelo de competição”, disse Janot.
Ele negou qualquer viés político nas investigações.
LULA Janot rebateu as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em evento em São Paulo, na quinta-feira, apontou a existência de um “pacto diabólico” entre o juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal, o Ministério Público e as empresas de comunicação para incriminá-lo nas investigações da Lava-Jato. Janot afirmou que o ex-presidente, como qualquer outra pessoa, é livre para expressar opiniões. “O que eu posso dizer é que eu não sou religioso”, afirmou o procurador. O ex-presidente é réu em três ações relacionadas à Lava-Jato. Duas das ações correm no Justiça Federal do Distrito Federal e uma em Curitiba.
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