Rio - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, descartou a decretação de intervenção federal no estado do Rio de Janeiro. Ao conversar com jornalistas após um seminário fechado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Meirelles afirmou que a intervenção federal é uma prerrogativa do presidente da República, depende de aprovação do Congresso e não pode ser decretada por decisão do governador Luiz Fernando Pezão. “A intervenção federal não será decretada para o Rio de Janeiro”, afirmou taxativamente. Isso porque, segundo o ministro, os efeitos financeiros e constitucionais da decretação de intervenção seriam muito piores que uma possível solução para a crise do Rio.
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É preciso eliminar raiz da crise, que é o problema fiscal federal, diz MeirellesMeirelles: garantias com receita de royalties não seriam prestadas ao TesouroMeirelles diz que intervenção no Rio não será decretadaAlerj tenta solução para pacote de austeridadePlanalto rejeita intervenção federal no Estado do RioGoverno do Rio vai parcelar salários de outubro em até sete vezesO ministro disse ainda que o crédito de R$ 2,9 bilhões dado ao Rio de Janeiro na véspera da Olimpíada foi liberado para atender à situação da segurança pública do estado, não para a realização dos Jogos Olímpicos. “Estamos fazendo o possível para que a situação no Rio seja resolvida. Estamos trabalhando intensamente nisso”, afirmou, destacando que voltaria para Brasília para continuar trabalhando em soluções para a crise dos estados.
Já o governador Luiz Fernando Pezão afirmou que não pretende que o estado sofra intervenção do governo federal como solução para enfrentar a crise. Ele também descartou “intervenção branca”, não oficial, como a que ocorreu em Alagoas, em 1997, quando a máquina estadual passou a seguir as determinações da União, embora, formalmente, o estado mantivesse sua autonomia.
Pezão afirmou ainda que o Brasil precisar crescer 3% em 2017 para que o Rio saia da aguda crise. “Os estados precisam de duas coisas: ajuda federal e retomada do crescimento econômico”, afirmou.
“Levaram tudo que ficava no Rio, mas deixaram funcionários com seus salários”, disse ele, que afirmou ter estudado casos de mudança de capital. “Não foi dada nenhuma ajuda por isso.” Segundo ele, após a reunificação alemã, que levou a capital de volta para Berlim, a cidade de Bonn recebeu, por 10 anos, 2 bilhões de euros anuais como compensação.
REPATRIAÇÃO
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou, por meio de decisão liminar (provisória), que a União deposite em uma conta judicial um valor maior do que o previsto inicialmente da cota que os estados de Pernambuco e Piauí têm direito da arrecadação obtida com a regularização de bens mantidos por brasileiros no exterior sem declaração à Receita Federal. Na segunda-feira, o governo informou que arrecadou R$ 46,8 bilhões. Deste montante, teoricamente, os estados devem receber apenas 21,5% do dinheiro arrecadado com o Imposto de Renda.