Brasília, 14 - Diante das críticas do Ministério Público Federal, o relator do pacote das medidas anticorrupção, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), retirou do parecer o item que instituía o crime de responsabilidade para magistrados, promotores e procuradores. Falando em evitar constrangimento para as investigações da Operação Lava Jato, o relator alegou que não era o momento de fazer esse tipo de discussão no Congresso.
Onyx reconheceu a polêmica em torno da medida, mas reiterou que futuramente o Legislativo terá de voltar ao tema, mas não no âmbito das 10 medidas de combate à corrupção. "Neste momento consideramos inoportuno essa discussão, que deverá ser feita pelo Parlamento em outro momento", afirmou. O relator disse que não dá para "misturar" ações que querem confrontar as investigações ou calar investigadores com o relatório em discussão na comissão especial da Câmara.
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Presidente da comissão anticorrupção admite mudanças em parecer finalMaia nega que haverá urgência para votar pacote anticorrupçãoDeputados pedem vista de parecer de pacote anticorrupção e votação é adiadaPacote anticorrupção a ser votado na Câmara abrirá margem para anistia a caixa 2Relator de projeto anticorrupção tira punição a juízes e integrantes do MPOnyx defende que a legislação precisa de ajuste, mas que agora não podem "abrir margem" para questionamentos "a quem faz um trabalho que a sociedade brasileira aplaude de pé".
Os representantes do Ministério Público Federal, em especial a cúpula da Operação Lava Jato, deixou o encontro - de aproximadamente cinco horas - com Onyx satisfeitos com a revogação do item. "Não é o momento de fazer uma discussão tão complexa como essa. Temos problemas com os tipos e com a proposta que estava sendo feita", respondeu José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República.
O coordenador da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, disse que o relator foi "sensível" aos apelos e o núcleo central do pacote foi mantido.
Mudança
O relator também dará nova redação à medida que trata de ação popular e a formatação das equipes de cooperação internacional. Onyx vai propor que não haja subordinação entre as equipes e sim um revezamento, ora a Polícia Federal coordenando os trabalhos, ora o Ministério Público Federal. O deputado vai se reunir com os técnicos nesta terça-feira, 15, para formatar o novo texto. A ideia é votá-lo na comissão na quarta-feira, 16.
Sobre a criminalização do caixa 2, o relator rechaçou a possibilidade de anistia. "Ou a gente coloca na lei de maneira dura, ou não vamos acabar nunca com caixa 2", declarou.
O relator também incluiu no pacote mudanças na legislação que trata de acordos de leniência. "O que se propõe é algo sério, diferente da proposta que apareceu de surpresa e não serve aos interesses brasileiros", declarou Onyx, se referindo ao texto que vinha sendo costurado pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE)..