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O encontro em Mata de São João (BA) discutia o narcotráfico.
A gente escolhe um tema, mas nos debates de plenária surge de tudo. Por que surgiu foro? Por que está sendo discutido. A ANPR posicionou-se sobre isso e houve o apoio dos colegas que estavam lá. A ANPR historicamente sempre defendeu essa posição. São duas coisas que se somam, mas gosto de começar pela principiológica. Todos são iguais perante a lei, um princípio republicano. O foro privilegiado não se sustenta em caso algum.
O foro deve ser extinto?
Esta é a posição da ANPR. Acabar com o foro pura e simplesmente. Mas admitimos, como o procurador-geral da República (Rodrigo Janot) sugeriu, não ter posição contrária de que um punhado, não mais que 15 autoridades brasileiras, fossem mantidas no STF com a justificativa de estabilidade das instituições. Que autoridades? Os próprios 11 ministros do STF, presidentes da Câmara, do Senado e da República e o procurador-geral. São 15. Mais ninguém. Eu preferiria entregar mesmo esses à primeira instância. O presidente da República só é julgado por crime de responsabilidade; os crimes comuns ficam parados enquanto ele está no mandato.
Políticos poderiam ser perseguidos por juízes?
A Justiça brasileira é técnica e concursada. O Ministério Público também. Ouve-se muito de políticos: ‘Não é possível que o juiz de Direito lá da minha região vai poder me julgar, eu, deputado ou senador’. Nenhum problema. Se houver algum excesso, como qualquer cidadão, eles terão acesso a recursos, a habeas corpus. Tenho certeza de que o Judiciário, como funciona com qualquer cidadão, funcionará com eles. Não há razão nenhuma, nem técnica nem política, para manter o foro.
A ANPR já tinha externado essa posição?
A ANPR, em vários momentos, foi chamada para debater isso. Nos últimos anos, debatemos em audiências públicas, mas não tínhamos chegado a fazer manifestação por escrito.
Tribunal é sinônimo de impunidade?
A ANPR não endossa a ideia de que isso é para, necessariamente, acabar com a impunidade, porque os tribunais são políticos ou coisa desse tipo. Não é verdade. O STF nos últimos anos mostrou claramente que faz julgamentos duros e técnicos. O problema, do ponto de vista de impunidade, que talvez exista é porque os tribunais não são adequados para conduzir investigações e processos originários. Eles não têm preparo para isso e, por isso, acaba sendo demorado.
E em relação à troca de cargos?
O sujeito é deputado federal. (O processo) está no STF. Amanhã, ele se elege prefeito. (O processo) baixa para o Tribunal Regional Federal. De prefeito, ele se elege governador. Vai para o STJ. Esse pingue-pongue não faz bem nenhum ao andamento. Obviamente, cada vez que isso se interrompe você perde um ano de investigação até que se comece a pegar o jeito de novo. É mais um fator que é muito ruim. Isso é algo que precisa acabar. É o natural trânsito das autoridades, mas, diante do foro privilegiado, acaba virando um fator de impunidade, porque nenhuma instância consegue levar a investigação até o fim.
O senhor acha que agora, de fato, haverá alguma mudança?
Está na pauta. O senador Randolfe (Rodrigues) apresentou o relatório, houve pedido de vista e terá que ser votado no Senado. Temos quase 30 mil pessoas com foro, absolutamente injustificável.
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