O presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), João Ricardo Costa, endureceu as críticas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sugerindo que o peemedebista deveria se afastar do cargo.
Leia Mais
Parlamentares criaram pacote 'pró-corrupção', diz presidente da AMBDiversas categorias protestam contra PEC do Teto em PernambucoSTF abre novo inquérito para investigar Renan por movimentação de R$ 5,7 miPara Costa, o parlamentar está muito mais interessado em resolver o “seu problema” em relação ao seu envolvimento na Operação Lava-Jato do que em pensar nos interesses da sociedade. Renan é alvo de pelo menos 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Durante muito tempo em que ele esteve no poder, o país foi saqueado. Isso já é justificativa suficiente para um homem público ou se afastar do cargo ou tomar providências que sejam positivas, e não providências que sejam de reprimir ou de tirar o poder do Judiciário, que hoje está sendo importante e fundamental”, declarou Costa.
Costa se reuniu ontem com a presidente do STF, Cármen Lúcia, e com os presidentes da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) para pedir uma manifestação da ministra contra a instalação da comissão especial do Senado que vai analisar os salários do Judiciário, Legislativo e Executivo.
O objetivo da comissão é identificar servidores que estejam recebendo acima do teto constitucional. O presidente da AMB considera que o colegiado foi formado como uma “retaliação” dos parlamentares contra as investigações da Operação Lava Jato.
“Manifestamos nossa preocupação de que essa comissão é uma manobra, mais uma iniciativa do Senado, porque eles (parlamentares) não perdem nenhuma oportunidade. Já tentaram duas vezes anistiar o caixa 2, e eles não desistiram disso, então usam uma cortina de fumaça, que é a questão remuneratória, questão do abuso de autoridade, a lei anticorrupção, nos ocupam dessas pautas para, debaixo dos panos, se anistiarem do que foi o pior que aconteceu nesse país nos últimos anos, que é a apropriação de recursos públicos direcionada a caixa 2 de campanha”, disse.
O presidente da AMB acusou os senadores de tentarem “reprimir” o sistema da Justiça que realiza investigações. Para ele, o parlamento está tomando iniciativas em relação ao Poder Judiciário que visam a dificultar a função jurisdicional e a função do Ministério Público.
“Querem criar mecanismos para tornar esses agentes públicos reféns da classe política, isso não acontece em lugar nenhum.
O presidente da Ajufe, Roberto Veloso, também considera que a criação da comissão dos supersalários é “um ponto de retaliação” às investigações. “Essa tentativa de redução de salário de magistrado é tentativa de tirar independência de juízes principalmente nessa hora”, avaliou Veloso.
Transparência
Nessa quinta-feira, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), relatora da comissão extrateto no Senado se reuniu com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para discutir o assunto. Segundo ela, Janot manifestou apoio ao trabalho dos senadores, garantindo total colaboração do Ministério Público Federal (MPF) e se comprometeu
a se certificar, por meio do Conselho Nacional do Ministério Público, de que todos os ministérios públicos estaduais demonstrem o mesmo nível de transparência praticado pelo MPF, que divulga detalhadamente os rendimentos de seus membros..