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Estado de Minas

Críticas ao ministro Geddel Vieira Lima acontecem até na base aliada do Planalto

Teor da acusação feita pelo ex-ministro da Cultura contra Geddel Vieira Lima incomodou aliados do Planalto. Conselho de Ética da Presidência analisará hoje denúncia contra titular da Secretaria de Governo


postado em 21/11/2016 06:00 / atualizado em 21/11/2016 07:55

Geddel confirmou encontro com o ex-ministro da Cultura, mas negou tentativa de fazer pressão para conseguir liberar obra em prédio(foto: José Cruz/Agência Brasil)
Geddel confirmou encontro com o ex-ministro da Cultura, mas negou tentativa de fazer pressão para conseguir liberar obra em prédio (foto: José Cruz/Agência Brasil)
Brasília – Enquanto a liderança do Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados tenta minimizar a situação do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Geddel Vieira Lima, parte dos integrantes da base aliada de Michel Temer no Congresso defende uma apuração rigorosa dos fatos na mesma linha de opositores. O vice-líder do bloco social democrata no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), considera “extremamente grave” a denúncia do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que acusou o secretário de Governo de pressioná-lo a aprovar um empreendimento em Salvador, onde Geddel tinha comprado uma residência de R$ 3,4 milhões, na orla soteropolitana. Geddel admite o pedido, mas nega pressões.

“Revela tráfico de influência”, afirmou Ferraço. Para o senador, o fato de Geddel ser dono de um apartamento no prédio onde fazia gestões perante Calero demonstra uma atuação indevida. “Ele não deveria fazer porque está legislando em causa própria. Sendo proprietário, é absolutamente inadequado.” Ferraço discorda da oposição no método de apuração. Ele defende que a Comissão de Ética, e não o Congresso, avalie o caso. Se preciso, deve ser feita uma acareação na visão dele. A comissão se reúne hoje para discutir o caso. Geddel deve comparecer à reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto.

Calero pediu demissão do cargo de ministro da Cultura na sexta-feira, alegando pressão do secretário de Governo para liberar obra no prédio La Vue Ladeira da Barra, na capital baiana. Em entrevista ao O Estado de S.Paulo, o ex-ministro disse ter sido ameaçado de Geddel para demitir a presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse que, a partir de hoje, vai começar a agir para pedir a convocação de Calero. A ideia é que sejam feitas apuracões na Procuradoria-Geral da República e na própria Comissão de Ética, que analisará o caso hoje. Ele destacou o fato de Temer ter sido avisado, segundo o ex-titular da Cultura. “Temer tem que promover todas as investigações necessárias.”

OPOSIÇÃO Para o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), Geddel não fez nada de irregular. “Ele apenas levou a posição dele (a Calero). Acho que esta questão está explicada. A oposição está no papel dela, mas isso é um assunto muito pequeno para o momento que estamos atravessando e que temos que contribuir com coisas muito mais importantes para o futuro desse país.”

Fora do Congresso, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa criticou o ministro. “Se Geddel não cair, o governo passa a ideia de que é certo abusar do cargo para conquistar objetivos pessoais”, afirmou o ex-juiz Márlon Reis em redes sociais. “Mais uma demonstração de que a liderança política brasileira não compreende minimamente a diferença entre as esferas pública e privada. Bom lembrar que Geddel foi o mesmo que, semanas atrás, defendeu a anistia para os praticantes de caixa dois.”

 

Entenda o caso

Em 2014, a construtora Cosbat começou a vender 24 apartamentos de luxo no futuro edifício La Vue (vista, em francês), de frente para a Baía de Todos os Santos, em Salvador.

Com previsão de 26 andares, o ministro Geddel Vieira Lima comprou um imóvel no 23º pavimento, onde as residências custam R$ 3,4 milhões.

Em 2015, a construção começou.  Iphan da Bahia liberou a obra, apesar das críticas de arquitetos e de defensores do patrimônio histórico tombado.

Neste ano, o Iphan Nacional abriu prazo para a defesa. Na semana passada, o órgão negou construções acima do 13º andar a fim de não bloquear a paisagem local da construção.

Geddel Vieira diz que, antes disso acontecer, procurou Marcelo Calero, “duas ou três vezes”, para “acompanhar” o caso porque entendia que o Iphan poderia cometer uma injustiça contra ele e outros condôminos.

Calero disse, na sexta-feira, que deixou o cargo na Cultura por pressões de Geddel.


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