Brasília, 21 - O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, evitou nesta segunda-feira, 21, comentar denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Ao deixar o cargo na semana passada, Calero acusou Geddel de pressioná-lo para que intercedesse junto ao Iphan, de modo que o órgão liberasse a construção de um edifício em Salvador em que o ministro comprou um apartamento.
"Quem nomeia e demite ministro é o presidente da República. (...) Mesmo que pensasse algo não poderia externar", respondeu Padilha em entrevista após a 45ª reunião do Conselhão, ao ser questionado se achava que Geddel deveria ser demitido após a denúncia. "Repito: questão de ministro é do presidente da República. Fora isso, é achismo, e não sou chegado a achismo", afirmou, depois da insistência dos jornalistas.
O ministro da Casa Civil também evitou comentar se a denúncia contra Geddel afeta a confiança de investidores no Brasil. "Essa é uma questão que tem de ser avaliada em seu devido momento e pelo presidente da República", disse. Mais cedo, ao passar próximo da imprensa após a reunião do Conselhão, o presidente Michel Temer também evitou comentar o assunto.
O único a comentar o tema até o momento foi o secretário do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, um dos assessores mais próximos de Temer. Falando em Paris, onde participa do 4º Fórum Econômico França-Brasil, Moreira Franco informou que "o presidente está debruçado sobre a questão" e que uma solução "que sirva ao governo e ao País" será buscada nos próximos dias. Ele disse que Temer "está muito preocupado" com as denúncias de corrupção e tráfico de influência feitas contra o articulador político de seu governo.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na edição de sábado, dia 19, Calero disse que um dos principais motivos que o levou a pedir demissão do cargo foi pressão feita por Geddel para que o Iphan aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira.
O empreendimento tem cerca de 100 metros de altura e está previsto para ser construído nos arredores de uma área tombada da capital baiana, base eleitoral do ministro da Secretaria de Governo.