O juiz Sérgio Moro não autorizou que um advogado completasse pergunta ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional) sobre o presidente Michel Temer. O episódio ocorreu nessa quinta-feira.
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Moro afirma que emenda discutida na Câmara coloca em risco Lava-Jato Moro adverte que anistiar corrupção ameaça Lava Jato e futuro do PaísCorrêa diz que Lula sabia, defesa tumultua e Moro interrompe audiênciaDefesa de Cunha faz 41 perguntas a Temer, arrolado como testemunha na Lava-JatoMinistro do STF arquiva inquérito contra Roseana Sarney e Edison LobãoMinistro do STJ nega liminar e mantém Cunha preso em Curitiba"Não dr, aí estou indeferindo essa questão", interrompeu Moro, imediatamente. "Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse juízo para esse tipo de questão", completou o juiz da Lava Jato. A preocupação de Moro é com a citação a autoridades detentoras de foro privilegiado perante tribunais superiores - caso do presidente da República.
A menção a pessoas nessas condições em processo de primeiro grau judicial pode levar até à anulação do caso ou provocar o deslocamento dos autos.
Cerveró foi arrolado pela defesa de Eduardo Cunha, réu da Lava-Jato e preso em Curitiba por ordem de Moro. Na audiência, o ex-diretor disse que foi nomeado para o cargo na Petrobras em janeiro de 2003 "no novo governo Lula".
O advogado do ex-presidente da Câmara indagou do ex-diretor da estatal petrolífera se "houve participação" do então senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) em sua indicação. "Sim, minha indicação (foi feita) pelo (ex) governador Zeca do PT (MS), por indicação do senador Delcídio."
Indagado se houve "pagamento de vantagem indevida a Delcídio", Cerveró respondeu. "Não na ocasião, mas posteriormente." O advogado de Eduardo Cunha perguntou a Cerveró quando ele "se aproximou do PMDB".
"Foi o PMDB que se aproximou de mim, em 2006, logo depois do mensalão, através do ministro Silas Rondeau que fazia parte do grupo do PMDB", respondeu. "Fui procurado pelo Silas que me apresentou ao senador Renan (Calheiros) e, na época, ao deputado Jáder Barbalho (PMDB/PA). Me informaram que eu passaria a ser apoiado por esse grupo."
Em sua delação premiada, Cerveró afirmou que em 2006 pagou US$ 6 milhões a Renan "a título de participação nos negócios da Petrobras". Renan nega.
"Realmente foi um acerto que houve com esse comando do PMDB. Delcídio não fazia parte desses seis milhões, mas houve uma destinação desses seis milhões de dólares para esse grupo (do PMDB) de propinas (no âmbito) da primeira sonda que a Petrobras contratou. Delcídio não fez parte. Dois anos depois fui substituído."
"Minha substituição não foi de uma hora para outra, se iniciou com uma pressão do PMDB da Câmara.
O advogado de Eduardo Cunha questionou Cerveró se ele foi pressionado a fazer pagamento mensal de US$ 700 mil "ao grupo do PMDB" para se manter no cargo. Ele confirmou.
Cerveró contou que esteve com Michel Temer. Na ocasião, Temer era deputado e presidia o PMDB. "Estive com Michel Temer, (fui) levado pelo dr. Bumlai (pecuarista José Carlos Bumlai, réu da Lava-Jato). Ligou, marcou uma audiência com o deputado Michel Temer, no escritório dele em São Paulo. Fui lá, ele (Temer) me recebeu muito bem, mas disse que não podia contrariar os interesses da bancada que ele comandava, ele era o presidente do PMDB.".