Brasília - Com a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo e as acusações feitas pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao secretário do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tornou-se o ponto de sustentação do governo na área política. O trio é próximo ao presidente Michel Temer desde o tempo em que o peemedebista assumiu o comando da legenda, em 2001. “De todos, Padilha é o mais organizado”, resumiu um cacique peemedebista.
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Por isso a preocupação com a situação do chefe da Casa Civil. Apesar de ser o menos exposto dos três, ele não está totalmente a salvo. O ex-ministro da Advocacia-Geral da União Fábio Medina acusou o chefe da Casa Civil – responsável por sua indicação ao cargo – de trabalhar para abafar as investigações da Lava-Jato.
A empreiteira Odebrecht, que está na fase final de negociações de uma delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), assegurou ter repassado R$ 10 milhões ao PMDB. Deste montante, R$ 4 milhões tiveram como destinatário final o próprio Eliseu Padilha. Já os R$ 6 milhões restantes foram endereçados a Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-candidato ao governo de São Paulo em 2014.
Padilha também tem se posicionado firmemente contra a concessão de reajustes salariais para o funcionalismo, o que o torna malvisto perante diversas categorias do serviço público. A única exceção são aqueles aumentos que já haviam sido acordados pelo governo de Dilma Rousseff.
Grupo
A parceria com o presidente Temer é longa. Em 2001, quando o atual titular do Planalto ascendeu ao comando do PMDB, Padilha e o hoje líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), passaram a ser os responsáveis pelas articulações políticas do grupo. Também mapeavam os votos nas convenções partidárias para garantir as sucessivas reconduções de Temer ao topo da legenda. Desse grupo ainda faziam parte o ex-deputado Mendes Ribeiro, que morreu em maio de 2015; o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e o agora ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Moreira Franco, apesar de ter boa afinidade com Temer, reuniu-se ao grupo mais tarde, quando assumiu a presidência do Instituto Ulysses Guimarães. “De todos os integrantes desse núcleo político, Padilha é, sem dúvida, o mais organizado de todos.
OS DESAFIOS DO GOVERNO
» Retomar a credibilidade perante os investidores nacionais e internacionais
» Aprovar no Senado a PEC do Teto de gastos para a União
» Aprovar a reforma da Previdência, que define, entre outros medidas, o aumento da idade mínima para a aposentadoria
» Manter a base de apoio unificada, fato que está ameaçado pela divisão em torno da sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara, em fevereiro
» Sobreviver às investigações da Lava-Jato, sobretudo ao furacão que virá com a revelação da delação premiada da Odebrecht
» Conter as pressões dos setores organizados do funcionalismo para obter reajustes salariais.