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Estado de Minas

Com saída de Geddel após denúncias, Padilha se torna principal aliado de Temer

Com a saída de Geddel Vieira Lima e denúncias contra Moreira Franco, o chefe da Casa Civil se torna o principal auxiliar de Michel Temer para garantir a articulação política do governo


postado em 27/11/2016 06:00 / atualizado em 27/11/2016 08:17

(foto: Marcos Correa/PR Brasilia )
(foto: Marcos Correa/PR Brasilia )

Brasília - Com a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo e as acusações feitas pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao secretário do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tornou-se o ponto de sustentação do governo na área política. O trio é próximo ao presidente Michel Temer desde o tempo em que o peemedebista assumiu o comando da legenda, em 2001. “De todos, Padilha é o mais organizado”, resumiu um cacique peemedebista.

Isso pode ser o diferencial do governo daqui pra frente. O mercado financeiro enxerga no chefe da Casa Civil a possibilidade de que as reformas econômicas avancem no país. “Ele tem sido o personagem responsável por conversar com o sindicato, os políticos e os empresários sobre a reforma da Previdência. Também tem sido enfático na defesa do teto de gastos prometidos pelo governo”, diz um analista de investimentos.

Esse mesmo agente do mercado lembrou que não adiantará nada se o pacote não vier completo. “O teto aprovado é um indicativo. Mas se a reforma da Previdência for de fato implantada, ela será a garantia de que o governo, de fato, tem condições de controlar as despesas ao longo dos próximos anos. O que isso muda, na prática. “O humor melhora e abre-se a possibilidade de se atrair investimentos estrangeiros, o que mudará a perspectiva futura do Brasil”, explicou um investidor.

Por isso a preocupação com a situação do chefe da Casa Civil. Apesar de ser o menos exposto dos três, ele não está totalmente a salvo. O ex-ministro da Advocacia-Geral da União Fábio Medina acusou o chefe da Casa Civil – responsável por sua indicação ao cargo – de trabalhar para abafar as investigações da Lava-Jato.

A empreiteira Odebrecht, que está na fase final de negociações de uma delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), assegurou ter repassado R$ 10 milhões ao PMDB. Deste montante, R$ 4 milhões tiveram como destinatário final o próprio Eliseu Padilha. Já os R$ 6 milhões restantes foram endereçados a Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-candidato ao governo de São Paulo em 2014.

Padilha também tem se posicionado firmemente contra a concessão de reajustes salariais para o funcionalismo, o que o torna malvisto perante diversas categorias do serviço público. A única exceção são aqueles aumentos que já haviam sido acordados pelo governo de Dilma Rousseff. Em um encontro recente com uma categoria que reivindicava acréscimos nos vencimentos, Padilha foi ríspido. “Vocês sabem que, perante a opinião pública, representam uma casta de privilegiados. Não há hipótese de darmos o que estão pedido neste momento”, criticou Padilha.

Grupo


A parceria com o presidente Temer é longa. Em 2001, quando o atual titular do Planalto ascendeu ao comando do PMDB, Padilha e o hoje líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), passaram a ser os responsáveis pelas articulações políticas do grupo. Também mapeavam os votos nas convenções partidárias para garantir as sucessivas reconduções de Temer ao topo da legenda. Desse grupo ainda faziam parte o ex-deputado Mendes Ribeiro, que morreu em maio de 2015; o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e o agora ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Moreira Franco, apesar de ter boa afinidade com Temer, reuniu-se ao grupo mais tarde, quando assumiu a presidência do Instituto Ulysses Guimarães. “De todos os integrantes desse núcleo político, Padilha é, sem dúvida, o mais organizado de todos. Geddel também é bom articulador, mas é boquirroto. E Moreira gosta de posar de intelectual, mas é muito impaciente para ser ponto de equilíbrio”, resumiu um cacique do PMDB.

 

OS DESAFIOS DO GOVERNO
» Retomar a credibilidade perante os investidores nacionais e internacionais
» Aprovar no Senado a PEC do Teto de gastos para a União
» Aprovar a reforma da Previdência, que define, entre outros medidas, o aumento da idade mínima para a aposentadoria
» Manter a base de apoio unificada, fato que está ameaçado pela divisão em torno da sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara, em fevereiro
» Sobreviver às investigações da Lava-Jato, sobretudo ao furacão que virá com a revelação da delação premiada da Odebrecht
» Conter as pressões dos setores organizados do funcionalismo para obter reajustes salariais. 


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