Já há na disputa pela principal cadeira da Câmara pelo menos cinco nomes da base. Um deles é justamente o do atual comandante, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que busca uma brecha que permita a candidatura. O artigo 57 da Constituição e o artigo 5º do regimento interno vedam a reeleição do presidente da Casa e de membros da Mesa Diretora no meio de uma mesma legislatura. Maia usa o argumento de que ocupa um mandato tampão, de apenas seis meses, eleito para preencher o lugar deixado pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por isso não se enquadraria. Nomes do centrão, grupo informal de 13 partidos pequenos e médios, se opõem à candidatura, o que provoca racha na base.
Do outro lado, o centrão buscará um nome consensual. Na próxima quinta-feira, o grupo se reunirá. Na ocasião, cada partido colocará o candidato que quer na concorrência para tentar chegar a um único nome. “A presidência da Câmara vai afunilar. Daqui a pouco, vão ter dois ou três candidatos. Vai depender algumas dúvidas. O presidente Maia vai conseguir ou não transpor a barreira constitucional?”, questiona o líder do PSD, Rogério Rosso (DF). O deputado é um dos pré-candidatos pelo centrão e também é mencionado por assessores palacianos como um dos nomes cotados por Temer para assumir a Secretaria de Governo.
APOSTAS Assim como Rosso, outros pré-candidatos à presidência foram mencionados na bolsa de apostas de interlocutores palacianos. Outro pré-candidato do centrão, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), já afirmou diversas vezes ser contra uma eventual candidatura de Maia. Na avaliação de aliados de Temer, colocar uma dessas peças no Planalto pode ajudar a arrefecer a disputa na Câmara. O mesmo pode ocorrer caso o presidente leve ao Planalto o correligionário Baleia Rossi (PMDB-SP), líder da bancada na Câmara. Junto a 20 deputados, Baleia forma um grupo mais independente do PMDB que pode vir a lançar um candidato próprio e embaralhar ainda mais o jogo. Nesse caso, o PMDB é o próprio rival do Planalto.
JÁ SÃO CINCO PRÉ-CANDIDATOS
Pré-candidato pelo PRB, o deputado Beto Mansur (SP) reforça que o governo deverá ficar de fora da eleição, a não ser que haja um nome opositor de força. “Acho que o substituto de Geddel não pode ser cabo eleitoral de ninguém, só do governo. Tem que ser alguém isento no processo eleitoral. Hoje, existem candidatos e pré-candidatos que estão numa linha de apoio ao governo. Não visualizo um candidato que esteja contra o governo. Mas, por exemplo, um ministro da articulação não tem que se meter na disputa na Câmara”, afirma Mansur.
Já Jovair Arantes acredita que o governo deveria optar por alguém do mesmo partido para evitar disputas entre legendas. “No meu entendimento, deve ser algo do próprio PMDB. Se não, vai abrir uma disputa entre os times que existem na Câmara. A substituição de um ministério pelo mesmo partido é mais lógica. Mas não acredito que isso vai influenciar diretamente na Câmara. (A candidatura) já está na rua. Todos estão se posicionando”, diz. Apesar de negar que o nome escolhido por Temer terá influência direta nas eleições, Arantes, que também é cotado, afirma que, se for convidado, terá de analisar a situação. “Em sendo (convidado) vou ficar muito honrado, e ao ouvir, tenho que conversar com meus pares. Porque já tenho minha candidatura colocada, estou andando. E desse modo, devo esse processo a várias pessoas. Não posso simplesmente abandonar”, pondera.
Para substituição de Geddel na articulação política alguns cenários estão em curso. Um deles o presidente Michel Temer assumir a articulação nesta semana para aprovar a PEC do Teto dos gastos. Entre as medidas estudadas estão escolher um nome interino ou fundir a Casa Civil com a Secretaria de Governo, que se tornaria uma subsecretaria. Neste cenário, Eliseu Padilha cuidaria da política macro, como já fez, e outro nome faria o chamado varejo.
DISPUTA ANTECIPADA
Quem já se apresenta como candidatos à presidência da Câmara
» Rodrigo Maia (DEM-RJ)
» Antonio Imbassahy (PSDB-BA)
» Rogério Rosso (PSD-DF)
» Jovair Arantes (PTB-GO)
» Beto Mansur (PRB-SP)