Brasília, 28, 28 - O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou nesta segunda-feira, 28, que a orientação do Planalto aos partidos aliados é de votar contra a emenda que pode anistiar o caixa 2, caso seja apresentada durante a apreciação do pacote das dez medidas anticorrupção, prevista para ocorrer amanhã no plenário.
"A orientação é apenas em relação ao caixa 2", ponderou Moura. Até a semana passada, antes da polêmica envolvendo Temer e os ex-ministros Marcelo Calero (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o presidente assegurava que não iria interferir na votação das medidas anticorrupção, apesar de a base estar articulando há meses mudanças na proposta nos bastidores, entre elas o perdão aos crimes de caixa 2 cometidos até a data de promulgação da lei.
Moura tentou negar que tenha havido qualquer articulação a favor da anistia no plenário da Casa ou na comissão especial. "Desconheço uma emenda que tenha sido apresentada nesse sentido (...) mas a base não vai apoiar qualquer tipo de proposta nesse sentido por incentivo do presidente Temer", declarou Moura. Ele reforçou que, caso a emenda seja incluída na proposta, Temer já se comprometeu a vetá-la antes da sanção presidencial.
Questionado sobre a emenda que propõe crime de responsabilidade para membros do Judiciário e do Ministério Público, Moura afirmou que o Planalto não vai se envolver. "Nesse caso cada um deve votar como entender ser o melhor para o País", respondeu o líder do governo.
Pauta
Na falta de um substituto para o cargo de Geddel, Moura esteve reunido na tarde desta segunda com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e com assessores da Secretaria de Governo para definir a pauta da semana na Câmara. Apesar de elogiá-lo na condução da pasta, Moura afirmou que a saída de Geddel não vai interferir a aprovação das matérias consideradas importantes para o Planalto.
De acordo com Moura, Temer não estipulou um prazo para encontrar um nome para substituir Geddel e fará isso "no tempo que entender necessário". Enquanto isso, a pauta será comandada por assessores. "Vamos ter que dar continuidade aos trabalhos.
Impeachment
Sobre os pedido de afastamento de Temer feitos hoje pela oposição, Moura disse que os partidos "querem publicidade". Para ele, o presidente não cometeu nenhuma irregularidade ao se posicionar em relação ao conflito entre os ex-ministros Calero e Geddel.
Ao saber que Geddel estava pressionando Calero para atender um interesse pessoal seu, Temer disse a Calero para encaminhar a questão à Advogacia-Geral da União (AGU). "Eles (oposição) sabem que não se pode acatar um problema que não existe. Temer deu encaminhamento correto para a AGU (...) O presidente em nenhum momento orientou que a AGU encaminhasse de maneira A ou B. A oposição protocola (pedidos de afastamento) sabendo que não tem como prosperar, mas para chamar atenção", declarou. Segundo ele, Temer está tranquilo e consciente.
A oposição alega que não caberia ao presidente Temer encaminhar a questão à AGU, já que se tratava de um interesse pessoal de Geddel, e não de conflito entre ministérios ou entidades diferentes.