Magistrados e integrantes do Ministério Público fizeram nesta quinta-feira em Belo Horizonte, em frente à sede da Justiça Federal, um protesto contra a decisão da Câmara dos Deputados de alterar o pacote anticorrupção e incluir no texto a possibilidade de punição para desembargadores, juízes, procuradores e promotores por abuso de autoridade.
Durante o evento, os juízes também criticaram a PEC que congela gastos por 20 anos e a proposta que desvincula os salários dos magistrados dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o ato, o representante da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 3 Região (Amatra3), Glauco Becho, convocou a população para participar de um protesto nacional em defesa da Operação Lava-jato e contra as mudanças no pacote anticorrupção.
Representes de entidades de classes da magistratura e do MP condenaram a aprovação e classificaram a decisão dos deputados como uma tentativa de cercear a atuação da Justiça e impedir o avanço do combate à corrupção no país. No mesmo momento da manifestação na capital, acontecia também, na entrada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, um ato nacional convocado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em protesto contra a votação da Câmara.
O vice-presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), André Prado de Vasconcellos, criticou o projeto e afirmou que, em menos de quatro horas, “enquanto o Brasil pranteava a morte dos jogadores do time de Chapecó”, os deputados eliminaram oito das medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal por meio de um projeto de lei de iniciativa popular. O projeto foi votado na madrugada seguinte à queda do avião que matou a delegação da Chapecoense, em uma das maiores tragédias envolvendo do esporte mundial.