Brasília - Os gastos com Previdência não devem ficar sob a regra do teto de gastos estadual, afirmou nesta quinta-feira o governador do Pará, Simão Jatene. Essa ideia deve constar nos princípios do acordo firmado entre Estados e União para o ajuste fiscal nas 27 unidades da federação. A exceção, porém, não vai eximir os governadores de encaminharem propostas de reformas da Previdência.
Leia Mais
Estados terão teto de gastos por 10 anos que excluirá investimentosEstados propõem que ajuste fiscal deixe de ser contrapartida à repatriação'O mais importante é ajuste fiscal dos Estados', diz MeirellesTemer diz que votação da PEC dos Gastos Públicos não terá atrasosTemer se reúne com ministro interino do Planejamento para ajuste final na reforma da PrevidênciaUnião deveria ser mais ativa na crise dos Estados, diz economistaEntre os parâmetros definidos na reunião, segundo Jatene, está a fixação de um teto de gastos por 10 anos. Não haverá, porém, imposição em relação às regras de correção desse limite - como há, por exemplo, no teto federal, cuja correção será pelo IPCA. Os Estados poderão optar por um índice de inflação ou pela variação de receita como indexador. "O importante é que no final os Estados tenham equilíbrio nas suas contas", disse o governador do Pará.
Outra regra geral é a elevação de alíquota na área da Previdência.
Os governadores argumentam que os Estados já vêm tomando medidas duras na tentativa de reequilibrar as suas contas. Hoje, eles disseram que conseguiram convencer Temer e Meirelles de que cada Estado tem a sua realidade - por isso a necessidade de deixar os detalhes das medidas em aberto para que cada um possa decidir como aplicar as regras.
"As medidas serão adotadas já no curto prazo, para já em 2017 ter controle nas despesas e redução do déficit da Previdência", disse o governador do Piauí, Wellington Dias. Medidas mais específicas que haviam sido definidas na reunião da semana passada, como o corte de 20% nos gastos com cargos de confiança, temporários e gratificações, serão retiradas do pacto, afirmou Dias.
Segundo o governador do Piauí, Estados e União atuarão juntos para definir as medidas de ajuste, mas a liberação do dinheiro da multa não será uma contrapartida. Dias afirmou que a União fará o controle do cumprimento do acordo por meio de avais a empréstimos contratados pelos Estados. Essas garantias, segundo ele, só serão liberadas àqueles que adotarem medidas para executar o ajuste combinado.
Assim como o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, Jatene disse que é um acordo "na base da confiança".
Repatriação
O presidente Michel Temer ainda decidirá se repassará, de forma voluntária, parte do dinheiro da multa da repatriação aos Estados, afirmou Jatene. Pouco antes, Jatene havia dito que o presidente demonstrara disposição em liberar os recursos ainda este ano, "no prazo mais curto possível".
O governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou que, caso o governo federal não repasse o dinheiro da repatriação, a disputa no Supremo Tribunal Federal (STF) continuará. "Se governo não liberar os R$ 5 bilhões, vamos adotar as medidas de ajuste do mesmo jeito. Mas aí é o Supremo que vai decidir (sobre o dinheiro)", afirmou. "Se o governo não liberar o dinheiro da multa, a disputa no Supremo vai continuar", reforçou Jatene.
A informação contraria a informação dada mais cedo pelo governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, que havia dito que os Estados desistiriam da ação no STF sem especificar a necessidade de, antes, receberem o dinheiro. Na semana passada, o governo federal havia colocado, como contrapartida ao pagamento, a desistência da ação.
Hoje, Dias afirmou que o presidente Michel Temer concordou em tratar a questão da divisão da multa da repatriação com os Estados de forma separada, como queriam os Estados..