Manifestantes voltam às ruas na manhã deste domingo (04/12) em mais de 150 cidades para protestar contra a aprovação de medidas na Câmara dos Deputados que teriam o objetivo de retaliar procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e juízes que investigam casos de corrupção. Também estão marcados protestos em outras seis cidades no exterior. Em Belo Horizonte, a manifestação está marcada para começar às 10h, na Praça da Liberdade.
Vários grupos usaram redes sociais para convocar as pessoas para o protesto, mas em cada um dos grupos aparecem vários temas apontados como motivo para levar a população de volta às ruas. Mas a principal bandeira dos atos – usada pela maioria dos grupos que organizam a manifestação – é a defesa da operação Lava-Jato. Na madrugada de quarta-feira, os deputados desfiguraram o pacote de leis de combate à corrupção apresentado pelo MPF. Os parlamentares incluíram uma emenda no texto que possibilita a punição de magistrados e integrantes do MP por crime de abuso de autoridade e retiraram outros itens do pacote, suprimindo ações que endureciam a legislação e simplificariam a tramitação processual em casos de desvios de verbas públicas.
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Lava-Jato ganha principal prêmio anticorrupçãoPara especialistas, renúncia de procuradores não trava Lava-JatoCrise entre MP, Judiciário e Legislativo ameaça a Lava-JatoOdebrecht assina acordo de leniência de R$ 6,7 bi com Lava-JatoMovimentos prometem voltar às ruas em 2017Ato em Brasília tem cerca de 5 mil manifestantesProtestos de hoje terão como foco defesa do JudiciárioGoverno teme nova onda de manifestações previstas para este domingoEm uma das redes sociais que convoca manifestantes para o ato na capital mineira, o Vem Pra Rua BH, até a tarde de ontem mais de 3,8 mil pessoas tinham confirmado presença na Praça da Liberdade e outras 4 mil afirmaram ter interesse em comparecer. Na pauta dos protestos em Minas, além do apoio à operação Lava-Jato, os organizadores pedem a abertura do processo na Assembleia Legislativa contra o governador Fernando Pimentel (PT).
Em São Paulo, o maior ato está marcado para as 14h, na Avenida Paulista.
Em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que vai instalar pontos de revista para os manifestantes que vão participar do ato em defesa das investigações do MP e da Polícia Federal. O Eixo Monumental será bloqueado entre a Rodoviária do Plano Piloto e o Congresso Nacional a partir das 7h e seguirá fechado até duas horas após o protesto. A manifestação está marcada para 9h.
Segundo a Secretaria de Segurança do Governo do Distrito Federal, ela está preparada para lidar com um público de até 25 mil pessoas, embora espere entre 15 mil e 20 mil manifestantes. Ao todo, serão 1,7 mil agentes de segurança destacados para o protesto, sendo 1,5 mil policiais militares. Na área do protesto serão proibidos objetos de madeira, itens cortantes, fogos de artifício e garrafas de vidro.
O Palácio do Planalto, que tem sido muito criticado após o caso de tráfico de influência que derrubou o ministro Geddel Vieira (PMDB), um dos nomes mais influentes no governo, vai acompanhar de perto as manifestações, mas só deve se pronunciar se elas forem realmente numerosas. O presidente Michel Temer deve ficar em Brasília. (Com agências)
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Força-tarefa é premiada no panamá
A força-tarefa da Lava-Jato e seus procuradores foram escolhidos ontem como a maior iniciativa contra a corrupção no mundo e receberão o prêmio do ano da entidade Transparência Internacional. O anúncio foi feito no Panamá, onde a organização destacou os “esforços persistentes da Lava-Jato para acabar com a corrupção endêmica no Brasil”. Para a entrega do prêmio, os procuradores brasileiros foram até o Panamá, com seus próprios recursos. A Transparência Internacional recebeu 560 nomeações de iniciativas de combate à corrupção em todo o mundo, entre elas a investigação conduzida por 185 jornalistas sobre os Panama Papers. A Operação Lava-Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. As investigações tiveram início em março de 2014, na Justiça Federal em Curitiba, sendo processadas quatro organizações criminosas lideradas por doleiros, que são operadores do mercado paralelo de câmbio.