Brasília, 04 - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), virou o alvo preferencial dos manifestantes que protestam em frente ao Congresso Nacional na manhã deste domingo em Brasília. As críticas a ele dizem respeito principalmente a sua articulação para acelerar a votação do pacote de medidas anticorrupção aprovada pela Câmara que contém uma proposta para punir juízes e procuradores por abuso de autoridade, iniciativa que há meses vem defendendo no Senado.
Cartazes, faixas e palavras de ordem como "Fora Renan!" e "Renan não é o coronel do Brasil, ele é réu" criticaram as ações do presidente do Senado, alvo de uma série de investigações na Operação Lava Jato e que na semana passada passou a responder a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por apropriação de recursos públicos (peculato).
As críticas ao presidente Michel Temer, por outro lado, foram localizadas e restritas a falas pontuais de alguns dos manifestantes. Conforme reportagem do Estado deste domingo, o Palácio do Planalto teme que a onda de protestos se transforme em atos contra o governo.
Cerca de 4 mil pessoas, segundo a PM, participam do ato. Um dos manifestantes, o empresário e aposentado Luiz Carlos Ferrari, 69 anos, confeccionou uma roupa de presidiário com a placa 171 e uma "maleta da propina". Para ele, pelo menos 300 parlamentares no Congresso deveriam vestir a roupa que ele está usando.
"Quando o povo se manifesta, o Congresso se assusta. A população vai ter força para barrar no Senado as mudanças no pacote de medidas anticorrupção que o Renan Calheiros tentou aprovar rapidamente", criticou.
Os corretores de imóveis e amigos Sandro Vitória e Glória Oliveira também participam do protestos contra Renan. Para Sandra, é preciso mudar o sistema político a fim de criar condições para a economia se recuperar. Sua amiga, por sua vez, se mostrou indignada com as ações de Renan. "Urgência sim, senhor Renan, mas para a apuração das 12 denúncias contra Vossa Excelência", defendeu Glória, em referência às investigações de que Renan é alvo no STF.