Jornal Estado de Minas

No Rio, organizadores estimam 600 mil manifestantes


Rio - Milhares de pessoas participam neste domingo do protesto na orla da praia de Copacabana, zona sul do Rio, contra a alteração no projeto de lei que estabelece dez medidas contra a corrupção. Manifestantes carregavam cartazes e faixas de apoio à Operação Lava-Jato, ao juiz Sérgio Moro, ao Ministério Público e à Polícia Federal.

Organizadores estimaram em 600 mil o número de presentes, enquanto agentes de segurança que acompanham o protesto calcularam extraoficialmente a adesão de até 400 mil. Figuravam entre os alvos do protesto o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Todo o poder emana do povo. O povo brasileiro está reunido para dizer não aos corruptos, a esses incompetentes que enfiaram o Brasil nesse buraco sem fundo", bradou o humorista Marcelo Madureira, do alto do caminhão de som do movimento Vem pra Rua RJ.

"O que vimos nessa semana é um acinte, um tapa na cara com apenas 15 minutos de discussão. Ainda tem muita gente para ser presa. Ainda vamos ver a Polícia Federal prender o presidente do Senado", discursou o delegado da Polícia Federal Jorge Barbosa Pontes, que ressaltou posteriormente a jornalistas não ter se manifestado em nome da corporação. "O povo brasileiro é mais ator hoje da Lava-Jato do que o próprio juiz Sérgio Moro", completou.

Entre os gritos de guerra dos manifestantes estavam "Fora Renan" e "Lula na cadeia". Em meio à multidão, ambulantes vendiam bonecos infláveis de Moro vestido de super-herói e de Lula e da presidente deposta Dilma Rousseff trajando uniformes de presidiários.

"A imundície chegou a um ponto insuportável.
Não adianta deixar o Temer, porque ele é vice da Dilma", disse Hélio Marcus, militar reformado da Força Aérea Brasileira, que defende uma intervenção militar no País.

Já o engenheiro Bruno Coelho esteve na manifestação para protestar contra a corrupção, mas em defesa da manutenção da democracia. Acompanhado pela mãe e pela filha, ele vê com bons olhos o atual debate político que mobiliza cidadãos de todo o País.

"Acho saudável esse debate de extremos. Essa fase que o Brasil está passando é bastante positiva, porque as pessoas estão se envolvendo mais em política. Hoje sabemos nomes de ministros do Supremo que nunca nos preocupamos em saber antes", lembrou Coelho.

A professora de Ciências Políticas Maria Guadalupe Rodrigues, que leciona atualmente nos Estados Unidos, carregava um cartaz com os dizeres "#VetaTemer ou #ForaTemer". "Se ele não vetar a alteração nas 10 medidas contra a corrupção é porque ele optou pelo fisiologismo do PMDB. E se ele optou pelo fisiologismo do PMDB, fora!", exclamou a professora..