Brasília – O mais novo episódio da guerra entre Poderes que toma conta do país neste ano ameaça novamente votações importantes no Congresso. A indefinição sobre a presidência do Senado paralisou o plenário, que teve a sessão cancelada ontem e hoje. Líderes de partidos concordaram em não apreciar nenhuma proposta até que o pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) se posicione sobre o afastamento definitivo ou não de Renan Calheiros (PMDB-AL) do comando da Casa, o que está previsto para ser decidido na tarde de hoje. Uma proposta certamente prejudicada é o projeto de lei sobre abuso de autoridade, que seria analisado ontem, mas não deve entrar na pauta neste ano.
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Planalto tenta minimizar impacto da crise Geddel nas votações no CongressoAfastamento de Renan é 1º item da pauta de julgamento do STF nesta quarta-feiraDescumprimento de liminar do Supremo pode levar Renan Calheiros para prisãoSubstituto de Renan na cadeira do Senado, o senador Jorge Viana (PT-AC) negou a paralisação das votações, mas disse que é importante aguardar a decisão do Supremo. “Não podemos pensar em pauta. A gente fica em uma situação muito difícil. O Brasil aguenta esse negócio de dois presidentes de novo? Um afastado, o outro… É terrível. Vamos ver se é possível encontrar um caminho. Amanhã é um outro dia.
A paralisação dos trabalhos preocupa o Palácio do Planalto, principalmente, em relação à votação em segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição nº 55/16, que define um teto para os gastos públicos, prevista para a próxima terça-feira. De acordo com o presidente do PSDB, Aécio Neves, não existe possibilidade de a confusão atrapalhar a apreciação da PEC. “A votação da PEC do Teto de gastos terá que ser, necessariamente, mantida para o dia 13. Ela é fruto de um acordo entre oposição e governo nesta Casa e não podemos permitir, sob hipótese alguma, que a eventualidade da substituição da presidência do Senado, transforme aquela cadeira em um bunker partidário”, diz.
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), também afirmou que o calendário será mantido. “Não tem porque fazer um assunto desse atrapalhar o andamento do calendário que foi acordado entre todos os líderes. Temos a responsabilidade de votar até o fim do ano a PEC sob o risco de ampliarmos a crise. Não há motivos para ‘fulanizar’ essa crise”, afirma. Apesar do cancelamento das sessões, a contagem de prazo para apreciação da PEC do Teto não deve ser afetada..