Brasília – Em sua estreia em viagens pelo Nordeste como presidente, Michel Temer afirmou ontem que não houve recuo em relação à escolha do líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), para comandar a Secretaria de Governo no lugar do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). “Recuo zero. Não houve convite”, afirmou Temer em entrevista a uma rádio de Pernambuco. A notícia da escolha de Imbassahay, veiculada na tarde de quinta-feira, provocou reação forte dos partidos que integram o Centrão e são da base do governo. As 13 legendas, lideradas por PP, PSD e PTB ameaçaram paralisar as votações de projetos de interesse do governo na Câmara, incluindo o projeto de reforma da Previdência.
O presidente reconheceu que há um acordo para um maior espaço do PSDB no governo, destacou que a legenda já tem o comando de três “grandes pastas”, mas disse que é preciso costurar melhor o acordo com a base aliada para que seja enfim encontrado o substituto de Geddel. “Houve um equívoco. Antes que eu fechasse a imprensa noticiou, não sei por meio de quem, mas o fato é que não estava fechada a matéria”, disse em relação à escolha do novo ministro. Temer, que visitou obras da Transposição do Rio São Francisco em Pernambuco, reconheceu que o nome de Imbassahy foi cogitado, destacou o perfil do deputado baiano e disse que recebeu a indicação “com o maior agrado”.
Segundo interlocutores, o presidente escolheu Imbassahy, mas recuou no anúncio diante das reações contrárias. Temer também ficou contrariado com rumores de que a Secretaria de Governo, sob a gestão do PSDB, terá agora maior peso, assumindo funções antes conduzidas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como a relação com governadores.
Temer concordou que houve reação dos parlamentares, ponderou que não havia objeção ao nome de Imbassahy, mas que a escolha estava sendo interpretada como apoio à reeleição de Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados. “Como há o processo de eleições na Câmara federal, alguns partidos acharam que isso poderia favorecer um ou outro candidato”, afirmou. O presidente disse então que vai voltar a discutir o perfil para o substituto de Geddel e que como “se faz” vai “costurar o acordo em todos os setores da base”. “Temos uma base muito ampla que está nos dando um apoio extraordinário no Congresso”, afirmou.
COBRANÇA Responsável pela articulação do governo no Senado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) cobrou ontem, do Palácio do Planalto uma solução rápida sobre a possibilidade de o líder do PSDB na Câmara ocupar a vaga de secretário do Governo. “Acho importante o governo prover logo esse cargo. O nome do Imbassahy recebendo flechadas de todos os lados é muito ruim para ele.
O líder ressaltou, contudo, que, independentemente da decisão do Palácio do Planalto, o PSDB vai manter o apoio o governo no Congresso Nacional. “Lógico que o presidente tem que levar em conta a maioria parlamentar. Não é essa indicação que vai levar o PSDB a apoiar ou deixar de apoiar o governo. A minha preocupação é não deixar que essa situação vire fonte de desgaste para o líder do PSDB na Câmara”, ressaltou. “O Imbassahy é uma pessoa ultra qualificada para o cargo.”
Questionado sobre qual seria o melhor momento para o governo confirmar o nome do deputado, o Aloysio Nunes respondeu: “Não nasci ontem para dar prazo para presidente”. Até esta quinta-feira estava tudo acertado entre o presidente e a cúpula do PSDB para que os tucanos assumissem a Secretaria de Governo. Nas conversas ficou acordado que a pasta seria “turbinada” com temas federativos e não ficaria apenas com a função de atuar “atrás do balcão”, ou seja, na articulação política com o Congresso..