Depois de uma semana de fortes emoções, com o país à beira de uma crise institucional, na qual o Senado e o Supremo Tribunal Federal se digladiavam, novas revelações sobre a Operação Lava-Jato esquentam o fim de semana. O presidente Michel Temer é o principal alvo da delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que vazou para a imprensa na sexta-feira. Durante jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, Temer teria pedido R$ 10 milhões ao presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht.
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Exército diz que 'malucos' apoiam intervenção militarJulgamento de Renan expôs tensão no STFDelação atinge candidatos a cargos estratégicos no Senado e na Câmara Na oposição, PT demonstra acomodaçãoTemer reage à delação da Odebrecht com pacote econômicoEntre os nomes citados na Operação Lava-Jato, também estão os três líderes do PSDB que pleiteiam a vaga de candidato a presidente da República em 2018. A novidade, porém, é a citação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nas delações dos executivos da Odebrecht.
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, outro presidenciável tucano, também é citado. Teria recebido R$ 23 milhões em doações ilícitas. Os executivos disseram à Lava-Jato que uma parte do dinheiro foi entregue no Brasil e a outra por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior. Oficialmente, a Odebrecht doou apenas R$ 2,4 milhões para a campanha de Serra, que nega as acusações.
Cadeia
Entre os citados na Lava-Jato, o presidente Michel Temer é o mais blindado, porque a Constituição impede que um presidente da República seja investigado por fatos ocorridos antes do exercício do mandato. Ao trazer para o olho do furacão da crise ética os líderes tucanos que se colocam como alternativa de poder, as delações premiadas dos executivos da Odebrecht turvam o horizonte político das forças que aprovaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pela primeira vez, o governador Geraldo Alckmin foi citado numa delação premiada.
Entre os possíveis candidatos à Presidência citados na Lava-jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, é o que se encontra em posição mais vulnerável. Sem direito a foro especial, o petista teme ser preso a qualquer momento. Na sexta-feira, o Ministério Público Federal em Brasília denunciou à Justiça o ex-presidente e o filho dele, Luiz Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Investigações da Operação Zelotes apontaram indícios de envolvimento do petista e de seu filho, além de Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, em negociações irregulares para a compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro. Também há indícios de irregularidades na prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio de uma medida provisória.
Mas nem de longe sua situação é parecida com a do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que estava detido no Complexo de Gericinó, em Bangu, com a mulher, Adriana Ancelmo, apesar dos filhos pequenos do casal.