O vazamento da delação premiada do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho causou preocupação ao Palácio do Planalto e movimentou a cena política brasileira. O executivo cita cerca de 50 políticos, desde o presidente Michel Temer e a cúpula do PMDB a nomes de partidos como DEM, PSDB, PT, PSD, PP e PSB. Na lista, há os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), três ministros, um secretário do governo, ao menos sete ex-ministros, além de senadores, deputados, ex-parlamentares e assessores. Ao todo, segundo o delator, eles teriam recebido R$ 75 milhões, entre propina e financiamento legal e ilegal de campanha.
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O foco do presidente nessas últimas semanas de trabalho no Congresso será garantir a aprovação da PEC do Teto no segundo turno no Senado e o andamento da reforma da Previdência nas comissões na Câmara.
Logo após as notícias de que os executivos da Odebrecht fariam delação premiada, o presidente disse estar preocupado com os efeitos da delação da Odebrecht. “Se dissesse que não há preocupação com a delação da Odebrecht, seria ingênuo. Claro que há preocupação de natureza institucional. Há preocupação, claro, não há dúvida de que há”, disse, ao lado de Rodrigo Maia e Renan Calheiros, no fim de novembro, quando anunciou acordo para impedir anistia ao caixa 2 no projeto de lei em tramitação na Câmara. De acordo com a legislação, Temer não pode ser investigado por irregularidades cometidas fora do mandato.
NÚCLEO As acusações também recaem sobre homens de confiança de Temer, como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que distribuiria a propina, e o secretário Moreira Franco.
Outro citado é o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que deve disputar a presidência da Casa em 2017. De acordo com o delator, o peemedebista, que consta com o codinome “Índio”, recebeu cerca de R$ 2,1 milhões. Em nota, Eunício diz que nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos. Procurado, Maia não quis se pronunciar ontem. (Com agências)
O delator
Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, de 49 anos, passou mais da metade da vida na empresa. Aos 22 anos, começou a trabalhar na empreiteira, em 1989, numa obra em Luziânia (GO) como estagiário.