Brasília - O anexo da delação de Cláudio Melo Filho traz menções, em 82 páginas, a ministros de Estado e parlamentares. No total, 51 políticos são citados pelo executivo, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht em Brasília. Na lista de nomes mencionados, além do presidente da República, Michel Temer, e dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), o executivo cita três ministros de Estado, um secretário do núcleo duro do governo, ao menos sete ex-ministros, além de senadores, deputados, ex-parlamentares e assessores.
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Que lista doida é esta? A Lava-Jato detalhaDelação atinge candidatos a cargos estratégicos no Senado e na Câmara Orçamento terá verba maior para partidosExército diz que 'malucos' apoiam intervenção militarGilmar Mendes critica decisão sobre Renan e deixa no ar possibilidade de impeachmentAcusações de ex-diretor da Odebrecht atingem cerca de 50 políticos da base e da oposiçãoHá relatos de doação oficial para campanha política e outros pagamentos não contabilizados perante a Justiça Eleitoral. Na delação, o executivo detalha pagamentos feitos a partir do Setor de Operações Estruturadas da Empresa, conhecido como departamento de propina.
“O propósito da empresa, assim, era manter uma relação frequente de concessões financeiras e pedidos de apoio com esses políticos, em típica situação de privatização indevida de agentes políticos em favor de interesses empresariais nem sempre republicanos”, afirma o ex-executivo no anexo entregue ao Ministério Público Federal.
O ex-executivo relata pagamentos a parlamentares para aprovação de medidas provisórios e projetos de lei principalmente de temas tributários. Nesse contexto, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) era considerado o patrocinador da agenda legislativa da Odebrecht no Congresso. O delator relaciona ao menos 14 projetos e medidas provisórias de interesse da empresa que foram objeto de discussão com o parlamentar e eventual repasse financeiro para atender interesses da empresa.
As informações de todos os delatores da Odebrecht precisam ser formalmente colhidas em depoimento e depois validadas pelo Supremo Tribunal Federal, em homologação pelo ministro Teori Zavascki.
Além de Melo Filho, outros dois executivos exerciam a função de 'relações institucionais', cargo responsáveis pelo lobby da empresa em Brasília. Apesar disso, ele relatou que cada braço do grupo Odebrecht tinha suas próprias articulações. Na delação, o ex-executivo cita ao menos oito empresas do grupo que mantinham contato com parlamentares separadamente.