Em meio a protestos e denúncias de corrupção contra integrantes do núcleo duro do governo, o presidente Michel Temer obteve um respiro com a aprovação em segundo turno da PEC dos gastos no Plenário do Senado. O placar registrado ontem, de 53 votos a favor e 16 contrários, foi inferior à votação anterior, mas garantiu a promulgação de uma das meninas dos olhos do ajuste fiscal do governo. Temer terá de travar agora uma batalha mais complicada, com a aprovação da reforma da Previdência, a começar pela Câmara. A admissibilidade da PEC da reforma — considerada imprescindível para o teto dos gastos funcionar — será analisada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, sob manifestações e obstruções de parlamentares.
Leia Mais
Reforma não vai acabar com déficit da Previdência, diz Marcelo CaetanoQuem está próximo de se aposentar vai pagar pedágio de 50% Trabalhador terá de contribuir 49 anos para receber aposentadoria integralReforma da Previdência será feita no primeiro semestre e sem excessos, diz MaiaNa semana seguinte à delação da Odebrecht que incrimina o núcleo duro do governo, Temer passou a encampar uma agenda positiva, em um esforço para aprovar as medidas no Congresso e ainda divulgará um minipacote econômico, que inclui a liberação de mais crédito para micro e pequenas empresas e a renegociação da dívida de grandes companhias.
A delação premiada do ex-diretor da Odebretch, Carlos Filho, que cita Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o núcleo duro do PMDB no Congresso Nacional, gerou incertezas e desestabilizou a base. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, fez coro com o PT, pedindo a renúncia de Temer e a convocação de eleições diretas. O DEM é um partido da base e a favor da PEC 55, que limita o crescimento dos gastos públicos à variação da inflação nos 12 meses anteriores por 20 anos, por exemplo.
Caiado disse que Temer precisa ter um “gesto de humildade” e dar à população nova chance de eleições. “Eu acho que ele (Temer) saberá balizar este momento.
Os parlamentares da oposição prometem levar novamente para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara o kit obstrução. O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), foi taxativo. “Não vamos votar.” Segundo ele, essa pressa em votar a admissibilidade da reforma é para fazer “as pessoas trabalharem até morrer”. O parlamentar acredita que o governo tenta votar medidas impopulares para agradar ao mercado e não à sociedade. “O mercado tem dinheiro, mas não tem voto”, criticou.
Requerimentos
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) promete apresentar vários requerimentos. “Aquilo tudo da última sessão será em maior potência.