Brasília, 14 - O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira, 13, que não permitirá que o Brasil fique "paralisado" e que o governo quer que as delações avancem e que o teor venha a público. Na segunda-feira, 12, ele enviou carta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo celeridade nas investigações da Lava Jato.
Depois de ter dito na segunda-feira que é preciso "coragem" para enfrentar a crise, o presidente voltou a usar a expressão. Em um evento aberto no Planalto, com uma plateia de menos de 40 pessoas, Temer iniciou o discurso saudando o Congresso pela aprovação da PEC do Teto de Gastos, considerada um dos principais pontos do ajuste fiscal. "Nós temos que seguir adiante. E, para isso, volto a dizer a vocês, a palavra é a mesma que usei lá atrás: é preciso coragem porque, convenhamos, nós estamos enfrentando muitas adversidades".
Temer admitiu que há problemas, mas afirmou que eles não podem ser mantidos indefinidamente. "Não foi sem razão que ainda ontem eu pedia que essas coisas todas, muitas vezes acusatórias, que venham logo à luz. Que vindo à luz, quem for acusado poderá defender-se, explicar-se, porque nós estamos na primeira fase da chamada acusação. A acusação é um longo processo, onde há defesa, isso, aquilo, não é? Então nós não podemos deixar que isto paralise o País. E nós não permitiremos que isto aconteça", ressaltou.
Com a estratégia de usar o discurso para mostrar a reação do governo e reforçar que delações a conta-gotas podem prejudicar o andamento da economia, Temer tentou demonstrar que não está acuado. "Quando digo que o País não ficará paralisado é porque contra o argumento eu apresento documento. Contra o argumento eu apresento fato. Se há um argumento, há o fato que está sendo apresentado aqui, de propostas que estão sendo aprovadas pelo Congresso, há valores que estão sendo disponibilizados para o crescimento do País."
Citado na delação do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Temer encaminhou a Janot carta em que alega que a "ilegítima divulgação das supostas colaborações premiadas" vem provocando "interferência" na condução das políticas públicas, acirrando as crises econômica e política e gerando clima de "desconfiança e incerteza".
Repasse 'registrado'
O Diretório Nacional do PMDB recebeu três doações seguidas da Construtora Norberto Odebrecht, em setembro e outubro de 2014, que totalizam R$ 11,3 milhões. De posse desses registros, que constam no site do TSE, auxiliares do presidente Michel Temer tentam desmontar a delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Melo Filho disse que Temer pediu a Marcelo Odebrecht "apoio financeiro" para campanhas do PMDB em 2014.
O ex-executivo relatou que Marcelo decidiu doar R$ 10 milhões. Embora a quantia seja maior do que os R$ 10 milhões citados por Melo Filho, auxiliares de Temer sustentam que se trata da mesma doação e que tudo está "registrado" no TSE. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.