A força-tarefa da Lava-Jato terminou na madrugada de ontem de tomar 280 depoimentos dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht que fecharam acordo de delação premiada. O Ministério Público Federal (MPF) entregará amanhã todo o material ao ministro-relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. É ele quem decidirá se o acordo será realmente homologado. Como esta é a última semana antes do recesso, não haverá tempo hábil para que o ministro analise toda a documentação.
A ideia é criar uma equipe de apoio, que trabalhará durante o recesso catalogando cada um dos depoimentos e informações. Essa equipe, segundo divulgou ontem o Jornal Nacional, ficará responsável também por confirmar que cada executivo falou por livre e espontânea vontade, uma dos critérios estabelecidos pela lei que rege a delação premiada. Quando voltar ao trabalho, em fevereiro, Teori terá, então, possibilidade de analisar o caso detalhadamente. A presidente da Suprema Corte, ministra Cármen Lúcia ajudará na escolha desses funcionários que auxiliarão nos trabalhos.
Após a análise, o ministro-relator pode definir por homologar imediatamente o acordo de delação ou pedir mais informações à Procuradoria-Geral de República (PGR), se for o caso. Até agora, o ministro rejeitou apenas uma delação, sem, no entanto, informar de qual investigado.
A delação dos executivos da Odebrecht causa apreensão no Congresso por envolver o maior número de partidos e parlamentares. O vazamento do depoimento de Cláudio Melo Filho atingiu em cheio o presidente Michel Temer e nomes fortes do governo e da cúpula do PMDB, como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente do partido, Romero Jucá (RR). Uma planilha achada na casa de um dos ex-diretores do grupo, Benedicto Júnior, aponta nomes de mais de 250 políticos de 24 partidos.